Investimento da China no Brasil cresceu 13% em 2016

Os investimentos chineses no Brasil cresceram entre 2015 e
2016 e indicam uma consolidação da estratégia da China para ampliar sua
participação na economia brasileira. Nos últimos dois anos, o país asiático tem
pulverizado seus aportes em mais setores e apostado com ênfase maior em fusões,
parcerias e compras de empresas, em vez de projetos novos. Além disso, as
licitações de projetos de infraestrutura se apresentam para o investidor chinês
como novo vetor para futuros investimentos.

De acordo com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o
total de investimentos feitos por empresas chinesas no país em 2016 chegou a
US$ 8,397 bilhões, crescimento de quase 13% em relação ao ano anterior.
Levantamento mais atual, da consultoria inglesa Dealogic, mostra que as
inversões chinesas em território brasileiro atingiram US$ 6,176 bilhões no
primeiro semestre deste ano.

O total verificado pelo CEBC diz respeito a 12 projetos
confirmados ao conselho pelas empresas envolvidas. Há ainda quatro projetos com
aportes pendentes que somam US$ 4,1 bilhões. Dos 16 projetos de investimentos
chineses no país no ano passado, o CEBC verificou que oito deles foram
executados por meio de operações de fusão e aquisição e quatro joint ventures.
Os outros quatro são aportes em iniciativas novas (“greenfield”).

Esse movimento é um dos destaques do estudo CEBC. Mostra que
a China está consolidando sua expansão econômica global de forma mais
estratégica. “A preferência dos chineses em adquirir ativos locais pode
ser explicada em parte pela facilidade em operar a partir de empresas já
consolidadas no mercado doméstico e pela vantagem oferecida por terem expertise
prévia de operação no Brasil”, assinala o relatório.

Os 16 projetos que receberam e receberão investimentos
chineses estão distribuídos em nove setores, com destaque para cinco projetos
em energia elétrica e dois em infraestrutura. Há ainda dois projetos no setor
de eletrodomésticos e outros dois da área financeira. Atividades de mineração,
siderurgia, telecomunicações, automotiva e agronegócio têm um projeto identificado
cada com capital chinês.

“Esses investimentos têm caráter geopolítico
estratégico, com um componente econômico e empresarial muito maior do que
aqueles dos aportes feitos até 2010. Até essa época os aportes eram mais
concentrados em commodities. Agora o Brasil entrou na rota de valor do capital
chinês”, diz Fabiana D’Atri, economista do Bradesco especializada em China
e mercado asiático.

A partir de 2014, ano marcado pelo começo da pior recessão
vivida pelo Brasil, o fluxo de investimento chinês no país registra seu pior
ano, mas ao mesmo tempo começa a passar por uma inflexão. No ano seguinte os
aportes da China ressurgem com força em termos de volume e passam a acompanhar
o compasso das inversões chinesas globais.

“Empresas chinesas passaram a comprar multinacionais de
diferentes setores e com operações em vários países em que a China têm
interesse, o Brasil é estrategicamente um desses países”, afirma a
economista do Bradesco.

Ao longo de 2015 as compras feitas por empresas chinesas no
mundo bateram recorde histórico ao superar US$ 60 bilhões, com impacto direto
no Brasil.

Exemplos são as aquisições das gigantes do agronegócio
Nidera e Noble pela Cofco e da Pirelli, comprada pela ChemChina, do setor
petroquímico. Depois do fechamento de negociações de âmbito global, ambas as
empresas chinesas herdaram operações grandes no mercado brasileiro.

As licitações no setor de infraestrutura se desenham como
outro canal de entrada do capital chinês no Brasil, o que deve manter elevado o
nível de aportes até o fim deste ano e em 2018. “O déficit brasileiro
nesse setor abriu uma janela de oportunidade para os investidores chineses, já
reconhecidamente experientes na execução de projetos de infraestrutura. De
forma complementar, a China dispõe do capital necessário para levar adiante
iniciativas nessa área que se alinham com os interesses chineses na
região”, assinala o CEBC.

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