O grupo italiano Gavio se prepara para fazer uma proposta
amigável à sócia brasileira CR Almeida para aumentar a participação no controle
da Ecorodovias, segundo informação dada ontem pela agência de notícias Reuters.
A Ecorodovias é uma das principais empresas de concessões de infraestrutura
brasileira.
Hoje, o Gavio e a CR Almeida compartilham o controle por
meio da Primav Infraestrutura, veículo que detém 64% do capital social da
Ecorodovias. Outros 34% das ações são negociadas no mercado e outros 2% são
detidos diretamente pelo Gavio. Mas, segundo comunicado da Ecorodovias de maio,
a italiana vem adquirindo ações no mercado, alcançando, com isso, 45,44% de
ações ordinárias da companhia.
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Segundo a Reuters, o grupo italiano já contratou um banco
local para submeter a proposta à família Almeida, do Paraná. O objetivo com o
negócio é consolidar os dados da Ecorodovias no balanço da companhia europeia e
melhorar a governança. A ação da Ecorodovias encerrou o pregão com alta de
2,71%, cotada a R$ 11,37.
O conglomerado italiano, um dos maiores de infraestrutura
rodoviária do país europeu, com mais de 1.400 quilômetros administrados, entrou
no bloco de controle da Ecorodovias em maio de 2016, após fazer um aporte de
capital de R$ 2,22 bilhões.
Com o aumento da participação, o Gavio busca expandir a
presença no Brasil e consolidar a Ecorodovias como uma empresa focada nas
concessões rodoviárias, negócio de origem do grupo, que ampliou o escopo de
atuação nos últimos anos ao entrar nos segmentos de logística e portos.
Desde a chegada do Gavio, a Ecorodovias disputou os dois
leilões de rodovias que foram lançados, ambos pelo governo de São Paulo, mas
não levou nenhum. Agora, o mercado aposta que a companhia não deve deixar
escapar oportunidades para aumentar o portfólio rodoviário. Entre as
concorrências mais próximas de sair estão a concessão do trecho Norte do
Rodoanel paulista, o lote Rodovias do Litoral Paulista – região onde a empresa
tem forte atuação via concessionária Ecovias – e os leilões federais.
A previsão de Brasília é leiloar entre este ano e início de
2018 dois ativos: a Rodovia de Integração Sul, a BR-101/290/386/448 (entre
Santa Catarina e Rio Grande do Sul), e a BR-364/65, entre Minas Gerais e Goiás.
A Ecorodovias controla nove ativos. São concessões
rodoviárias, um terminal portuário e uma empresa de logística – os dois últimos
negócios foram incursões não tão bem-sucedidas e dos quais a empresa deve sair.
No primeiro trimestre, a companhia teve R$ 98 milhões de lucro atribuível aos
acionistas da empresa controladora ante prejuízo de R$ 620 milhões na mesma
base anual.
A compra de uma fatia da CR Almeida poderia dar direito de
“tag along” aos acionistas minoritários da Ecorodovias, destacou o
banco de investimentos UBS em relatório divulgado ontem. Tag along é o direito
dos minoritários de, em caso de troca de controle, venderem as ações ao novo
controlador. Os analistas responsáveis pela publicação ponderaram, porém, que
há espaço para debate a respeito.
Na visão de uma fonte ouvida pelo Valor, pode ser que a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entenda que o mecanismo não se aplica ao
caso, visto que o Gavio já é co-controlador da Ecorodovias e, portanto, não
haveria mudança de controle. Quando o Gavio entrou no bloco de controle, com um
prêmio de 76% sobre o valor da ação, o negócio não disparou o direito de tag
along porque as ações com direito a voto na Primav Infraestrutura foram
divididas igualmente com o grupo brasileiro.
A Ecorodovias disse desconhecer “qualquer movimentação
neste sentido”. O Valor não conseguiu contato com a CR Almeida até o
fechamento desta edição.
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