Com operação reduzida em 30% devido à necessidade de
reposição de peças, como a Folha de Pernambuco mostrou há duas semanas, o metrô
do Recife tem uma demanda a mais para contornar: os atrasos nos repasses da
verba da bilhetagem eletrônica. Trata-se de um recurso a que a Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) tem direito pelos usuários do Vale
Eletrônico Metropolitano (VEM) que chegam às plataformas pelas integrações com
ônibus. A transferência, intermediada pelo Grande Recife Consórcio de
Transporte (GRCT), está atrasada.
O acumulado já ultrapassa R$ 9 milhões. Pode parecer pouco,
mas é um dinheiro que representa mais de 15% da receita do metrô e que faz
falta num sistema que tem a tarifa congelada em R$ 1,60 há cinco anos e que é
bancado quase que por completo por subsídios do Governo Federal.
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A situação foi exposta num ofício que chegou ao conhecimento
do Blog da Folha. No documento, a Coordenadoria Operacional de Arrecadação da
CBTU diz que os valores deixaram de ser repassados à empresa a partir da
segunda quinzena de fevereiro.
Também estão em aberto as parcelas de março, abril, maio e
junho, uma média de R$ 2,3 milhões por mês. Além desse montante, outros R$ 52
milhões ainda não foram quitados. São referentes aos repasses do VEM dos anos
de 2013, 2014 e 2015. Só os pagamentos de 2016 foram feitos de forma regular.
“Em maio do ano passado, quando assumimos, encontramos o
metrô numa degradação muito grande. Temos feito uma recuperação e qualquer
recurso que deixa de entrar gera um impacto negativo”, diz o superintendente
regional da CBTU, Leonardo Villar Beltrão.
Ele explica que se o usuário entrar pela bilheteria do
metrô, a CBTU fica com 100% da tarifa, mas se forem utilizados os validadores
do VEM para fazer as integrações, a parte da verba que fica com o metrô depende
do anel tarifário do ônibus.
No fim de 2015, a própria direção nacional da CBTU expôs a
dívida do Estado com o sistema. Na época, disse que os atrasos, somados aos
problemas financeiros da companhia, contribuíam para um cenário em que, num
futuro próximo dali, não se poderia garantir o funcionamento dos trens em todos
os dias da semana.
Em junho de 2016, o Ministério das Cidades anunciou um
reforço de R$ 33 milhões no orçamento e deu novo fôlego ao modal. Desde lá, o
desafio tem sido o setor de manutenção. Dezenas de trens não têm mais condições
de operar, o que levou à redução da frota e ao aumento dos intervalos entre as
viagens. “Fizemos licitações e as peças estão chegando. Já recebemos 20
motores, rodas para trens, dormentes. Estamos fazendo nossa parte”, afirma
Villar.
Em nota, o GRCT informou que o Sindicato das Empresas de
Transporte de Passageiros (Urbana-PE) é o responsável pelo repasse tarifário
dos valores do VEM para a CBTU e que a entidade se comprometeu a apresentar um
cronograma de pagamento ainda nesta semana.
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