Sugerida pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, a
mudança do modal da Linha 18-Bronze do Metrô (Tamanduateí-Djalma Dutra), que
ligará o ABC a São Paulo, de monotrilho para BRT (Bus Rapid Transit) está
descartada pelo governo estadual. A proposta também sofre ressalvas da
concessionária VemABC, responsável pela obra e pela operação do ramal, pois o
contrato não prevê a alteração no projeto.
Em nota, a Secretaria de Estado dos Transportes
Metropolitanos informa que a mudança de modal não consta na PPP (Parceria
Público-Privada) com a VemABC, firmada em agosto de 2014. A proposta
oficializada pelo colegiado de prefeitos da região é que o traçado fosse
mantido, com partida de São Paulo e passagem por São Caetano, Santo André e São
Bernardo, mas em vez de monotrilho, o atendimento seria por ônibus que, na
visão da entidade, seria mais barato em meio à crise econômica.
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No entanto, a ideia anunciada pelo prefeito de São Bernardo
e presidente do Consórcio Intermunicipal, Orlando Morando (PSDB), esbarra no
contrato, nas diferenças estruturais e também com relação aos impactos
ambientais entre os tipos de vias elevadas de um monotrilho e de um BRT. Um
exemplo é o comparativo de sombreamento perante a luz solar, maior na estrutura
para ônibus ao projeto original.
Diretor-presidente da VemABC, Maciel Paiva diz que o formato
do modal da Linha 18 é uma discussão que compete apenas aos entes do poder
público, ou seja, entre Estado e municípios. Mesmo assim, o executivo ratifica
a informação da Secretaria de Transportes Metropolitanos. “A mudança de modal
não faz parte do contrato, que prevê a construção e operação do monotrilho”,
afirma.
Para o diretor de Engenharia e Construções do Metrô, Paulo
Meca, a alteração para o BRT traria maior impacto ambiental e classificou a ideia
como “judiação” por parte do Consórcio Intermunicipal. “A Linha 15 (Prata do
Metrô, também em formato de monotrilho), nasceu no lugar do que seria o
Expresso Tiradentes, sistema de ônibus que colaboraria na emissão de CO2
(dióxido de carbono) e que não teria a mesma capacidade de transporte do
monotrilho. Então o ABC merece coisa melhor”, aponta.
Entre os argumentos favoráveis ao monotrilho, estão a baixa
emissão de agentes poluentes e de ruídos sonoros, além da capacidade de
transportar de 20 mil a 40 mil passageiros por hora. Outro ponto é que esse
tipo de estrutura não sofre interferência de chuvas em relação à velocidade do
veículo e tampouco não enfrenta problemas quanto às enchentes.
A ideia de mudança de modal da Linha 18 de monotrilho para
BRT foi dada inicialmente pelo deputado federal Alex Manente (PPS), em
entrevista ao RDtv. Em junho, Morando também adotou a sugestão, em decorrência
da demora do início das obras da linha metroviária. Inclusive, o tucano foi
procurado pela reportagem para comentar a nota do Estado, porém, informou que
não houve qualquer informação oficial sobre o assunto e optou por não
comentá-lo.
Fabricante é da
Malásia
A empresa contratada para fabricação dos 32 monotrilhos que
estarão à disposição da Linha 18 é a Scomi, da Malásia (foto), também
responsável pelas 14 composições da futura Linha 17-Ouro (São Paulo
Morumbi-Jabaquara). Todos os modelos para o ramal do ABC serão produzidos no
Brasil, pela fábrica a ser construída em Taubaté, interior paulista.
Vice-presidente da Brasell, empresa sócia da Scomi no
Brasil, Halan Moreira também destaca os problemas de uma eventual mudança de
monotrilho para BRT. “Seria necessário fazer tudo de novo (licitação e
contrato) e demoraria mais tempo. E as dificuldades que ocorrem no ABC (devido
às burocracias na disponibilização de verbas) é de todo o Brasil”, pontua.
A Linha 18 terá 13 estações numa extensão de 15,7 km e
partirá da região central de São Bernardo, próximo ao Paço, com passagens em
Santo André e São Caetano, à Estação Tamanduateí, em São Paulo, onde haverá a
conexão com a Linha 2-Verde (Vila Prudente-Vila Madalena) do Metrô e a Linha
10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) da CPTM (Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos).
Obras ficarão mais
caras
Orçado em R$ 4,6 bilhões em julho de 2014, com R$ 2,3
bilhões dotados pelo Poder Público e a outra metade levantada pelos sócios da
VemABC, a Linha 18 ficará mais cara devido ao atraso do projeto. Segundo Paiva,
o valor previsto pela iniciativa privada já está em R$ 3,5 bilhões, por meio de
financiamento pela Caixa Econômica Federal na linha Pró-Transporte e por
recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
De acordo com a Pasta de Transportes Metropolitanos, os
valores investidos são corrigidos anualmente com base em índices oficiais,
conforme estabelecido no próprio contrato. A destinação de verbas públicas está
dividida em R$ 1,2 bilhão por meio de financiamento do BNDES (Banco Nacional do
Desenvolvimento), R$ 400 milhões de repasse do Orçamento Geral da União e R$
252,4 milhões oriundos do Tesouro do Estado. Além do aporte, o projeto prevê R$
406,9 milhões para as desapropriações.
O Estado prorrogou por mais seis meses o prazo para que a
concessionária VemABC dê início às obras do monotrilho, em publicação no Diário
Oficial no dia 14 de junho. Nesse período, o governo paulista espera que a
Secretaria do Tesouro Nacional revise classificação de categoria “C”, dada pela
Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), vinculada ao Ministério do
Planejamento, às condições de pagamento a um possível financiamento externo, a
fim de receber as verbas pelas desapropriações.
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