A Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto,
deve formalizar uma proposta para compra da Eldorado Brasil, controlada pela
J&F Investimentos, entre quarta-feira e quinta-feira desta semana, apurou o
Valor.
Após indicar publicamente que segue interessada no ativo, a
companhia da Votorantim e da BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), teria recebido uma sinalização
de que os irmãos Joesley e Wesley Batista estão dispostos a ouvir sua oferta.
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Neste momento, a J&F está em negociações exclusivas com
a chilena Arauco para “explorar um possível investimento” na
Eldorado. Os chilenos teriam oferecido quase R$ 14 bilhões para garantir a
exclusividade nas tratativas por 45 dias e o prazo acaba nesta quinta-feira. A
potencial negociação com a Fibria seria iniciada somente após essa data (dia 4
em diante).
Na semana passada, o presidente da Fibria, Marcelo Castelli,
reiterou publicamente o interesse na Eldorado, citando importantes sinergias
entre as operações: as duas companhias têm fábrica na cidade de Três Lagoas
(MS) e poderiam compartilhar desde infraestrutura e pessoal até florestas. O
executivo também ponderou que há um valor máximo a ser colocado na mesa de
negociações.
Mas, segundo uma fonte ouvida pelo Valor, a intenção da
Fibria é garantir a vitória na disputa com os chilenos, o que poderia resultar
em uma oferta agressiva. A empresa já contabilizou todas as sinergias e conta
com o financiamento necessário para levar adiante a operação e ainda
refinanciar as dívidas da Eldorado. O valor líquido é era R$ 7,7 bilhões em
março.
Na indústria brasileira, há clara preferência por uma
consolidação que envolva Fibria e Eldorado e não com a Arauco. De um lado,
porque os chilenos são conhecidos por serem mais agressivos na concessão de
descontos e venderem celulose para tradings, o que prejudica a formação de
preços da matéria-prima – hoje muito influenciada pela China. De outra parte,
segundo outra fonte, porque a Arauco poderia se apressar para colocar em
execução o projeto de expansão da Eldorado, contribuindo para manter as
cotações da matéria-prima pressionadas por mais tempo, reduzindo o retorno para
todos os players.
Entre os fundos de pensão que são acionistas da Eldorado,
apurou o Valor, também haveria preferência por uma transação com a Fibria.
Nesse caso, Petros (dos funcionários da Petrobras) e Funcef (da Caixa) poderiam
migrar suas participações para o capital da nova empresa e sair em um momento
de preço mais atrativo.
Assim como a Arauco, a Fibria também teria se reunido com as
fundações para falar sobre uma potencial compra. Os fundos de pensão são
acionistas da Eldorado por meio do FIP Florestal, que detém 34,45% do capital
da empresa. Cada fundação tem participação individual de 24,75% no FIP, no qual
investiram R$ 275 milhões cada uma, enquanto a J&F tem 50,5% – a holding
detém ainda 63,59% diretamente da companhia.
Ficando na Eldorado, ou na empresa combinada com Fibria, os
fundos acreditam que no futuro poderiam melhorar o valor do seu investimento
sob nova gestão.
Na mais recente reavaliação do patrimônio do FIP Florestal,
a Planner, que o administra, optou por considerar uma avaliação conservadora
feita pela consultoria Baker Tilly, que atribuiu valor de R$ 4,5 bilhões à
companhia considerando-se apenas a fábrica existente e de R$ 8 bilhões se
incluído o projeto de expansão.
Procurada, a J&F informou que “não comenta a venda
de ativos além das informações públicas e respeita os contratos de
exclusividade em andamento”. A Fibria, por sua vez, disse que já
manifestou que tem interesse nos ativos da Eldorado, mas não fez, até o
momento, nenhuma proposta vinculante pela empresa. “Da parte da Fibria,
aguardamos o fim do período de exclusividade da negociação anunciado pela
Eldorado Celulose com outra companhia para nos manifestarmos”,
acrescentou.
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