Estrada de
Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) é o mito fundador da cidade de Porto Velho. Foi
construída em 1907 para ajudar no escoamento da borracha do Brasil para a
Bolívia. O empreendimento é uma das memórias que ajuda a contar a história de
Rondônia. Há exatos 87 anos passava a ser brasileira.
O
historiador Dante Fonseca explica que, simbolicamente, a construção começa no
dia 4 de julho de 1907 e segue até 1912, onde se faz todo percurso da linha de
Porto Velho a Guajará- Mirim.
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“O detalhe é
que 1912 também é o ano em que começa a queda nos preços internacionais da
borracha, isso tem muita ligação com a nacionalização da EFMM”, comenta o
historiador.
Segundo ele,
de 1912 a 1919 a Madeira Mamoré foi administrada pelos norte- americanos, que
utilizaram capitais de várias partes do mundo. Já entre 1919 até 1931 os
ingleses começam a administrar a ferrovia, quando decidem suspender o tráfego,
alegando que a EFMM estaria deficitária.
“Nenhuma
ferrovia se sustenta com pouco tráfego, então com a queda da borracha, o
principal produto, a razão de ser construída a ferrovia deixa de existir.
Transporta-se muito pouco porque a borracha brasileira perde a competitividade,
então eles suspendem as operações e o coronel Aluísio Ferreira, que era chefe
do posto telegráfico em Porto Velho, comanda uma operação pra não deixar que as
máquinas parem, e o governo do Getúlio Vargas estatiza a ferrovia”, explica.
Logo, a
Madeira Mamoré foi construída por estrangeiros e no final o governo brasileiro
pagou pelos gastos, se tornando proprietário de todo o patrimônio da ferrovia.
A partir daí, no dia 10 de julho de 1931 a ferrovia deixou de ser americana
para se tornar patrimônio brasileiro.
Orgulho e
carinho
José Bispo,
nascido em 27 de fevereiro de 1935, é considerado o trabalhador mais antigo da
estrada. Ele começou a trabalhar na Madeira-Mamoré aos 17 anos. Atualmente é
presidente da Associação dos Ferroviários da EFMM, e se lembra com orgulho e
carinho das épocas de funcionamento das locomotivas, se esforçando para
garantir que a memória não seja esquecida em meio às ruínas.
“Na
Madeira-Mamoré eu entrei no dia 12 de junho de 1953 e até hoje tô por aqui. Já
me aposentei, mas continuo lutando na colaboração, sendo um guardião da
ferrovia. Eu fui bagageiro, eu fui chefe de trem, viajava de Porto Velho a
Guajará-Mirim, aquele trem dando aqueles apitos saudosos, levando passageiro,
mercadoria as estações aos pontos de parada. Isso dava muita alegria pra
gente”, lembra seu José.
Ele pontua
que o dia 10 de julho deve ser comemorado entre toda família ferroviária e
comunidade rondoniense.
“Vamos
recuperar ela [a estrada de ferro] até Santo Antônio, se Deus quiser. Eu tenho
certeza que antes da minha morte eu vou ver esse trem apitando”, diz.
Saga para a
construção da EFMM
Ainda de
acordo com o historiador Dante Fonseca, a ideia de construção de uma ferrovia
no trecho encachoeirado do Madeira vem desde 1861, quando em Cochabamba na
Bolívia, foi fundada uma empresa de navegação no rio.
Mas a
primeira tentativa de fato, se deu em 1872, através do empresário norte
americano George Church, que contrata uma empreiteira inglesa com concessão
para a construção da ferrovia.
“Mas não dá
certo, eles não tem a mínima ideia do que vão encontrar aqui, vêm
despreparados”, comenta o historiador.
Depois, em
1878, novamente Church faz uma tentativa, convida para Rondônia uma empreiteira
norte americana.
“Também não
dá certo, eles passam por muitos percalços principalmente relacionados às
doenças tropicais, complementa, Dante.
Em 1905, o
governo faz uma nova proposta de concessão para construção e quem ganha é um
empresário brasileiro, o engenheiro Joaquim Catrambi, que logo depois vende
para o norte americano Percival Farquhar. Esse compra a concessão em 1907 e
começa a construir a ferrovia.
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