Gargalo logístico só seria sanado em 200 anos com ritmo atual de aportes

R$ 1,7
trilhão: esse é o investimento necessário para tornar o transporte no Brasil
competitivo. A cifra, que representa 25,7% do PIB brasileiro de 2017, cresce
ano a ano e evidencia que a falta de uma diretriz clara para execução dos
projetos faria com o que País só atingisse esse volume de investimento em 200
anos.

Os números,
que fazem parte do Plano CNT de Transporte e Logística foi desenvolvido pela
Confederação Nacional dos Transportes e elenca mais de 2,6 mil obras
prioritárias tanto para o transporte de carga quanto de passageiros para o
curto, médio e longo prazo.

“Acreditamos
que o sucesso do planejamento no nosso setor passa pela revisão permanente de
projetos e pela priorização de investimentos, base de uma política de
transportes voltada ao desenvolvimento”, diz o presidente da CNT, Clésio
Andrade.

Na visão do
engenheiro civil, professor e consultor de infraestrutura, Hélio Pena, o
investimento feito em infraestrutura nos últimos anos não tem um caráter
desenvolvimentista, mas eleitoreiro: “As obras são direcionadas em períodos
eleitorais para angariar votos. Cada governo muda parte das diretrizes quando
assume. Se pensarmos que essa prática se dá em municípios, estados e na União,
é impossível se criar uma política de desenvolvimento sustentável do transporte
nem para o médio prazo”, alerta.

Nos últimos
13 anos, por exemplo, o mesmo partido governou o País, e ainda assim as
diretrizes e prioridades mudaram de gestão para gestão. “O nosso maior desafio
para investimento em ferrovias, por exemplo, é o medo que o investidor tem de
que as regras do jogo mudem depois de alguns anos”, afirmou ao DCI, sob
condição de anonimato, um alto executivo de uma das maiores empresas de
infraestrutura do País.

De acordo
com ele, o investimento mais seguro é o rodoviário. “Nossos ativos são focados
em rodovias. Poderíamos entrar em obras de ferrovias, mas os acionistas
preferem não correr riscos”, completa.

E são
justamente as ferrovias que abocanhariam a maior fatia dos investimentos
necessários para o transporte.

Segundo a
CNT seriam necessários R$ 733 bilhões em obras tanto para movimentação de
cargas quanto de pessoas.

 

Gastos
Maiores

Apesar do
investimento médio em transportes no País girar em torno de R$ 33 bilhões por
ano nas últimas décadas, o custo de um transporte mal feito e estruturado segue
crescendo sistematicamente. Segundo estimativas da CNT, os custos logísticos
totais representaram, em 2016, 12,3% do PIB . “Em países de dimensões parecidas
como o nosso, como os Estados Unidos, essa cifra não passa de 8%” conta Pena.

Para os
empresários e entidades que representam empresas logísticas, por mais que o
governo não possa financiar com recurso próprio as obras prioritárias, a
abertura para o capital privado precisa se dar de modo mais seguro.

“Não foi
aprovada a Lei das Relicitações. Notamos que empresas que compraram concessões
em 2013 estão em situação de desgaste financeiro. Por mais atraente que seja o
ativo, o ambiente ainda é um risco para os empresários”, garantiu a fonte em
condição de anonimato.

“Ademais, o
governo deve promover ações que visem retomar e impulsionar a participação da
iniciativa privada na oferta dessa infraestrutura”, finaliza Clesio, da CNT.

 

Fontes: https://www.dci.com.br/servicos/gargalo-logistico-so-seria-sanado-em-200-anos-com-ritmo-atual-de-aportes-1.735515


Fonte: DCI

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