O presente
texto tem como objetivo dar uma concisa contribuição para subsidiar os
programas de governo no que diz respeito à recuperação do degradado,
descuidado, insatisfatório e insalubre transporte público da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ).
O Rio de
Janeiro, da mesma forma que a maioria das grandes cidades brasileiras, vem
crescendo de forma desordenada e continua apresentando graves deficiências em
sua mobilidade urbana. Os últimos governantes que passaram por aqui não
demonstraram preocupação em garantir a melhoria da qualidade de vida da
população, haja visto que, até hoje, a RMRJ não possui um sistema de transporte
público ambientalmente sustentável, econômico, regular, abrangente, adequado e
integrado, que proporcione benefícios sociais e econômicos para os cidadãos e
promova a inclusão social das populações mais pobres.
Mesmo
considerando a grave crise financeira do país, a penúria do governo fluminense
e a escassez de investimentos públicos e privados, a solução para a recuperação
do transporte público da RMRJ precisa ter como espinha dorsal o transporte
metroferroviário, que, sem dúvida alguma, é indutor de desenvolvimento urbano
sustentável, promotor da integração com os demais modos de transporte, causador
de valorização imobiliária e gerador de empregos em diversos setores da
economia, além de ser um importante vetor de reaquecimento econômico.
O governador
do Rio de Janeiro que apostar no transporte metroferroviário, ou seja, metrô e
trens, conseguirá reduzir expressivamente o número de acidentes e mortes no
trânsito, economizar combustível, melhorar significativamente os índices de
poluição sonora e atmosférica e proporcionar mais conforto e ganhos de tempo à
população. No quesito tempo de viagem, por exemplo, nenhum outro modo de
transporte poderá levar tanto benefício para as populações da RMRJ, que moram a
grandes distâncias dos locais de trabalho e chegam a ficar de três a quatro
horas por dia dentro de um meio de transporte, no trajeto casa-trabalho-casa.
Sem dúvida
alguma os investimentos para a construção, recuperação, modernização e expansão
do sistema metroferroviário da RMRJ são de grande monta, mas, em longo prazo,
esses investimentos produzirão os magníficos benefícios citados anteriormente,
que os tornarão plenamente viáveis sob o ponto de vista socioeconômico
ambiental. O financiamento dessa ambiciosa proposta poderá ser estruturado por
parcerias público-público, com os governos estadual e federal, por obras
públicas, com recursos de empréstimos de organismos multilaterais, BNDES, Bird
e BID; e por parcerias público-privadas com aportes públicos iniciais, bem como
pela aplicação das arrecadações tributárias municipais incrementais,
decorrentes da valorização imobiliária e expansão econômica nos entornos das
linhas.
Segundo o
Banco Mundial, em termos econômicos, o transporte público é a seiva que dá vida
às cidades e, em termos sociais, pode contribuir com a redução da pobreza, pelo
fato de ser o meio de acesso (ou de impedimento) ao trabalho, saúde, educação e
serviços sociais essenciais ao bem-estar dos menos favorecidos. Na realidade,
não há outra solução diferente do transporte metroferroviário para resolver os
graves problemas de mobilidade urbana na RMRJ, visto que as vias urbanas já
estão saturadas, e a construção de mais viadutos, mergulhões e linhas expressas
somente criarão mais problemas para a população.
Em resumo, o
Rio de Janeiro precisa dos seguintes projetos metroferroviários: extensão da
Linha 4 até Alvorada, incluindo a conclusão da estação Gávea, para viabilizar a
ligação da Barra ao Centro, passando por Gávea, Jardim Botânico, Humaitá,
Botafogo e Laranjeiras; extensão da Linha 2, trecho Estácio-Cruz
Vermelha-Carioca; fechamento do anel da Linha 1, com a construção do trecho
Gávea-Uruguai; construção da Linha 3, ligando o centro do Rio a Niterói e São
Gonçalo, sob a Baía de Guanabara; e a construção da Linha 5, de Alvorada ao
Galeão, passando por Deodoro, Madureira e Penha; modernização e recuperação das
linhas dos trens suburbanos da SuperVia. Além disso, a RMRJ carece de
integração física e tarifária entre todos os modos de transportes, de forma a
permitir aos usuários a utilização de um único bilhete entre origem e destino.
Cabe
esclarecer que faltam muitas outras coisas a serem consideradas, em termos de
transporte público para a RMRJ, mas um programa de governo estadual que venha a
oferecer à população os valiosos benefícios do transporte metroferroviário, com
integração aos demais modos de transporte e modicidade tarifária, certamente,
levará grande vantagem na corrida eleitoral.
Fonte: http://www.jb.com.br/artigo/noticias/2018/08/16/o-rio-precisa-de-metro-e-trem/
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