RIO — A
reforma da estação do trenzinho que leva os visitantes até o Cristo Redentor,
no Cosme Velho, está prestes a sair do papel. O diretor da empresa Trem do
Corcovado, Sávio Neves, aguarda autorização da prefeitura para iniciar as
obras. Uma das propostas da concessionária é fazer uma nova entrada principal
na lateral da Rua Efigênio Sales, bem em frente à Praça São Judas Tadeu. O
projeto está sob avaliação da Coordenadoria Geral de Planejamento e Projetos da
Secretaria municipal de Urbanismo, para saber se avança ou não sobre o
logradouro público. A análise deve ser concluída ainda este mês, segundo o
órgão. Depois disso, será encaminhado para a CET-Rio, que fará estudos sobre
impactos no trânsito. É a última etapa antes de as obras começarem.
— Não vamos
parar o funcionamento da estação para realizar as obras. Além da nova entrada,
teremos lá na frente uma cafeteria e uma livraria para moradores do bairro,
independentemente de irem ou não ao Cristo — conta Neves, que negocia com a
rede Starbucks.
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Segundo
Sávio Neves, o cronograma do projeto será dividido em três partes. A primeira
será a restauração do casarão tombado que fica de frente para a Rua Cosme
Velho. Já a segunda, e mais extensa, será a construção do novo acesso principal
pela lateral e de uma plataforma no segundo andar, com previsão de conclusão
até fevereiro do ano que vem. Auditório, sala vip e prédio administrativo fazem
parte da terceira etapa, programada para outubro de 2019.
De acordo
com o projeto, o segundo andar será destinado a lojas — as que atualmente ficam
no primeiro andar serão demolidas — e a uma exposição permanente, em murais e
vídeos com áudio, que vai resgatar a história da ferrovia, a primeira
eletrificada do Brasil e construída em 1884 pelo imperador Dom Pedro II, e a do
Cristo Redentor, que teve a pedra fundamental lançada em 1922 e inaugurada em
outubro de 1931. Este andar será um caminho natural que os passageiros terão
que percorrer até a plataforma de embarque.
A ideia é
que os visitantes tenham mais acesso aos fatos históricos, já que hoje existe
apenas um painel com textos resumidos e que, embora grande, é quase
imperceptível, já que a fila para pegar o trem se forma bem na frente dele. Um
simulador também passará a funcionar na estação. Os interessados vão assistir a
filmes curtos, que representam o caminho até o Corcovado (com alguns percalços)
e abordam assuntos como ecologia e turismo.
Seis novos
trens também estão previstos para chegar em março de 2019, e vão passar a
funcionar já na nova plataforma. O contrato para a fabricação das composições
foi firmado com a empresa suíça Stadler Rail Group no fim de 2015. Esta será a
quarta geração de trens, e, apesar de bem mais modernos, não terão
ar-condicionado. Os que circulam hoje em dia também não têm e estão em operação
desde 1979.
Os próximos
modelos podem dobrar a capacidade de transporte — de 300 passageiros por hora
para 600, no mesmo período de tempo —, mas a Trem do Corcovado estima que
haverá um acréscimo de aproximadamente 30% do número de passageiros. Para se ter
uma ideia, por ano, 800 mil pessoas pegam o trenzinho. A ideia da empresa é
que, com as reformas e as composições, esse número chegue a cerca de um milhão
de visitantes. Diferentemente do que acontece hoje, a velocidade de subida e de
descida poderá variar até 25hm/h e 18km/h, respectivamente. Outra vantagem é
que com as novas composições haverá uma economia de 75% nos gastos com energia
elétrica, segundo Neves.
Dentro dos
trens, monitores passarão filmes com fatos históricos e dicas sobre outras
atrações no Cosme Velho, como sugestões de exposições, centros culturais e
cafeterias. O projeto de modernização, que envolve os trens e as reformas, está
orçado em R$ 250 milhões.
— O trem
novo vai aproximar o carioca do Corcovado. Haverá espaço para os usuários
colocarem suas bicicletas e patinetes, para que quando chegarem lá em cima
possam passear pelas Paineiras. Também vamos vender um tíquete anual para os
moradores da cidade. Queremos quebrar esse estigma que o carioca tem de que vir
para cá é programa de gringo. Queremos coincidir a chegada dos novos trens com
o funcionamento da plataforma — explica Neves, que também pretende montar uma
programação cultural com pequenos shows no Centro de Visitantes Paineiras,
antigo Hotel Paineiras, já para este verão.
Segundo
Neves, existe ainda uma proposta para ampliar o terminal de ônibus do Cosme
Velho, para que coletivos de turismo também possam estacionar ali. A
prefeitura, entretanto, não confirmou o projeto.
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