O futuro da
mobilidade tem nome e sobrenome: smart mobility. Na tradução literal,
mobilidade inteligente nada mais é do que a aplicação de soluções tecnológicas
capazes de transformar a experiência de transporte dos passageiros. A ideia é
tornar o transporte público mais inteligente, por meio de soluções integradas,
que unam informações sobre rotas, veículos e usuários. É o que explica o
arquiteto e urbanista Guto Índio da Costa, que foi responsável pelo design do
projeto do VLT do Rio de Janeiro, e vem estudando a aplicação dessas
tecnologias no mercado brasileiro.
“Estamos
trabalhando em projetos para conhecer os diversos tipos de passageiros,
integrá-lo a um aplicativo ou plataforma, fazer a gestão do histórico de
viagens via aplicativo, fazer com que o cidadão seja diretamente cobrado pelas
viagens que realiza de forma virtual e também possa validar um bilhete com o
próprio celular, por exemplo. Tudo isso traz uma vantagem fantástica em matéria
de gestão e fluxo de pessoas”, afirma Guto.
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Smart
mobility é um conceito interligado à ideia de smart city. O objetivo principal
da smart city é permitir a evolução do uso dos recursos tecnológicos
disponíveis, interpretando dados e fazendo com que eles se transformem em
informações úteis para quem está na cidade. Isto envolve melhorias na oferta e
atendimento de todos os serviços cruciais ao cidadão, como hospitais, escolas e
transporte público, onde aparece a smart mobility. Estas melhorias são notadas
com a introdução de tecnologias em processos, como a aquisição de informações e
passagens via internet/aplicativo e obtenção de mais detalhes sobre o fluxo do
transporte.
“Precisamos
ser capazes de conhecer as necessidades de cada passageiro. Dessa forma, os
trens poderão ter um controle de fluxo muito maior e uma presença mais
eficaz”, explica Guto.
O arquiteto
afirma que as operadoras de passageiros sobre trilhos têm interesse em
modernizar a estrutura, mas ainda não há nenhum sistema pronto para uso ligado
ao conceito da smart mobility no Brasil. A Índio da Costa Arquitetura,
Urbanismo, Design e Transporte está desenvolvendo tecnologias baseadas neste
conceito, mas ainda não há previsão de aplicação no país. “O que vejo
acontecendo no Brasil é a preocupação com a tecnologia, conectividade e
transmissão de dados em larga escala. Tudo vai transformar muito a gestão de
passageiros nos centros urbanos. A presença da tecnologia em diversas
operações, como compras, débitos e informações logísticas já está disponível no
exterior e estamos trabalhando na possibilidade de aplicar isso em modais e
linhas de transporte urbano”.
Sucesso do
VLT
Ainda na
fase de PMI, Guto foi o responsável pelo book, documento que compôs a licitação
do VLT no Rio de Janeiro. Na fase de construção, o arquiteto foi chamado para
desenvolver todo o design interior e exterior dos veículos, além de desenvolver
as paradas, o terminal da Praça XV e toda a inserção urbanística ao longo dos
trechos percorridos. A aceitação do modal, que já transportou mais de 23
milhões de passageiros nos últimos dois anos, faz com que Guto acredite que os
brasileiros estão mais preparados para um transporte moderno.
“O
projeto do VLT demonstrou para outras cidades como o design faz a diferença e
como é importante dentro de um processo de consolidação de um novo meio de
transporte. Somos consultados por outras cidades por conta do sucesso do Rio de
Janeiro. Este tipo de transporte sobre trilhos vai estar cada vez mais
presente, como na Europa e nos EUA. As equipes de design precisam estar
envolvidas desde o início dos projetos para um resultado qualificado”, diz
o representante da Índio da Costa Arquitetura, Urbanismo, Design e Transporte.
Entre os
principais desafios, a inovação tecnológica foi um dos pontos apontados por Guto.
“Foi o primeiro sistema brasileiro com alimentação de energia pelo solo.
Também havia a preocupação paisagística, com o excesso de fiação que um VLT
poderia apresentar. A ideia era a fazer a composição atravessar o Centro do Rio
de forma adequada, destacando a questão urbanística. O sistema de bilhetagem, a
validação voluntária e principalmente o curto prazo para implementação do VLT
foram os desafios”.
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