RIO — Com
foco em ganhos para seus acionistas, a Vale vai investir em projetos que tragam
retornos expressivos para a mineradora e que exijam aportes modestos, disse o
presidente-executivo da empresa, Fabio Schvartsman, durante teleconferência com
analistas nesta quinta-feira. As estratégias ocorrem em meio a um aumento do
fluxo de caixa livre da empresa, que deverá atingir US$ 10 bilhões em 2018,
quase o triplo do registrado no ano passado, segundo informou a empresa
anteriormente, prevendo grande repasse aos acionistas.
O executivo
reiterou nesta quinta-feira que o foco da empresa no horizonte de curto prazo é
o pagamento de dividendos, eventualmente recompra de ações, além de possíveis
investimentos orgânicos e aquisições, que gerem rentabilidade.
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— Nós só
faremos investimentos que tenham expectativa de retorno muito significativo,
obviamente isso reduz a quantidade de investimentos que nós faremos, o que
tende a fazer com que a gente possa perenizar pagamento de dividendos mais
encorpado — disse o executivo, em conferência sobre os resultados no terceiro
trimestre.
A Vale
registrou lucro líquido atribuído ao acionista de R$ 5,75 bilhões entre julho e
setembro, uma queda de 19,4% na comparação com os R$ 7,143 bilhões obtidos no
mesmo período do ano passado, sob impacto do câmbio, apesar do forte resultado
operacional guiado pela demanda da China por seu minério de ferro de melhor
qualidade. No acumulado dos nove meses, o lucro líquido ficou em R$ 11,171
bilhões, menor que os R$ 15,094 bilhões do mesmo período de 2017. A Vale
explicou em relatório que a depreciação do real de 3,8% em relação ao dólar no
terceiro trimestre gerou um efeito contábil negativo, reduzindo o lucro líquido
da Vale em R$ 2,7 bilhões.
Já o lucro
líquido recorrente, que desconsidera efeitos como de flutuações cambiais, subiu
cerca de 25%, para R$ 8,3 bilhões, em um período em que a empresa bateu
recordes de produção e vendas de minério de ferro e pelotas, com altos prêmios.
Os bons
resultados da empresa ocorrem em meio ao desenvolvimento da operação da mina
gigante S11D, no Pará, que, segundo Schvartsman, é “melhoria de qualidade na
veia, vai substituir produtos de menor qualidade”. O executivo reiterou
estimativa de atingir produção de 50 milhões de toneladas de minério de ferro
ou mais no S11D, neste ano, e explicou que os volumes adicionais da commodity
serão “blendados” e não farão pressão de oferta no mercado. O S11D, no Pará,
foi o maior investimento da história da Vale, com cerca de US$ 14 bilhões.
Metais
básicos
Enquanto a
empresa vem registrando fortes resultados com a área de ferrosos, colhendo
frutos do S11D em meio a uma demanda maior da China por seu minério de melhor
qualidade em relação a de seus principais concorrentes, Schvartsman vem
trabalhando para agregar mais valor para a área de metais básicos. O executivo
disse que a Vale já tem visão mais clara sobre a divisão e previu um salto
expressivo para a área em 2020, especialmente em níquel, com melhora de preços
e a unidade da empresa mais bem estruturada.
— Minério de
ferro apresentará resultados crescentes ao longo dos próximos trimestres
enquanto metais básicos está se preparando para o horizonte de 2020 — afirmou.
Desde que
assumiu a empresa, no início de 2017, o executivo vem cortando produção,
enquanto os preços do níquel estão baixos. Durante esse tempo, também vem
realizando uma reestruturação da área, em busca de maiores retornos no futuro.
— Nossa
expectativa é que em 2020 a área de metais básicos tenha um salto expressivo de
resultados pela combinação de provável recuperação de preços, provável
importante redução de custos e salto de volume que a companhia terá em 2020 —
disse ele.
A previsão
apresenta uma mudança em relação a previsões anteriores. No início do ano, o
presidente falava em uma estratégia de diversificação e previu elevar a
participação da divisão de metais básicos em seus resultados a 30% até o fim de
2019, em uma expectativa conservadora, com a consequente redução da exposição
aos ferrosos.
O comentário
vem um dia depois de a Vale ter aprovado investimentos de US$ 1,1 bilhão para a
expansão da mina de cobre Salobo, no Pará, em movimento que busca ampliar a
produção do metal em meio a expectativas de maior demanda com o desenvolvimento
de baterias para carros elétricos no futuro. Schvartsman disse que a Vale terá
notícias sobre a mina de níquel da Nova Caledônia “proximamente”, mas não
entrou em detalhes. A empresa tem procurado encontrar um parceiro para o ativo.
Além disso, disse que a empresa permanece avaliando medidas para trazer mais
valor para VNC.
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