As exportações de soja mantiveram em novembro o ritmo
intenso dos meses anteriores e somaram 80,1 milhões de toneladas nos primeiros
11 meses deste ano, segundo levantamento da Associação Nacional dos
Exportadores de Cereais (Anec) baseado nas cargas que efetivamente partiram dos
portos do país no período. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior
(Secex/Mdic), o volume acumulado chegou a 79,6 milhões de toneladas. O número
da Anec já supera em 17% o recorde de 2017 (68,3 milhões de toneladas).
Em evento recente, o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes,
adiantou que as exportações de soja poderiam alcançar 80 milhões de toneladas
em 2018. Em novembro, quando as vendas ao exterior atingiram quase 5 milhões de
toneladas, volume atípico para o mês – foram 2 milhões de toneladas em novembro
de 2017 -, a demanda pelo grão brasileiro continuou sendo impulsionada pela
disputa comercial entre China e EUA, que encareceu a soja americana no mercado
chinês após a sobretaxa de 25% imposta por Pequim.
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Mas essa vantagem da soja brasileira no mercado chinês,
mesmo com a alta dos prêmios nos portos brasileiros, tende a perder força. No
fim de semana, na cúpula do G-20 em Buenos Aires, Donald Trump, presidente dos
Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente chinês, avançaram em acordos para pôr
fim às disputas entre os dois países. Ontem, Trump anunciou que a China aceitou
“reduzir e eliminar” as tarifas sobre os automóveis importados dos
EUA. A trégua motivou a alta das cotações da soja em Chicago. Os contratos com
vencimento em março subiram 1,1%, para US$ 9,1775 por bushel.
Em nota ao Valor, John Heisdorffer, presidente da Associação
Americana de Soja (ASA), afirmou que a trégua anunciada por EUA e China é a
primeira boa notícia para o segmento após meses de queda nos preços do grão e
interrupção de embarques ao mercado chinês. “Se esta suspensão de tarifa
levar a um acordo de longo prazo, será extremamente positivo para a indústria
da soja. Queremos começar a reparar os danos às nossas relações comerciais com
a China, que têm sido essenciais para o sucesso da exportação de soja por anos
“.
Falando a um jornal do Iowa, onde produz soja, Heisdorffer
disse que a trégua chega no melhor momento, porque “o Brasil tem menos
soja do que pensávamos, e eles estão praticamente esgotados no ano”.
Assim, completou, os EUA devem voltar a vender soja para a China.
Também ontem, a Anec informou que as exportações brasileiras
de milho confirmaram as expectativas e recuaram 26,5% nos 11 primeiros meses de
2018 em relação ao mesmo período do ano passado, para 18,9 milhões de
toneladas. As vendas externas foram prejudicadas pela quebra de safra no país e
pela entrada em vigor da tabela de fretes mínimos rodoviários, que tornou mais
caro o transporte do grão do Centro-Oeste (principal região produtora) para os
principais portos localizados nas regiões Sul e Sudeste.
Em novembro, quando normalmente os embarques estão a todo o
vapor, foram enviadas ao exterior 3,9 milhões de toneladas de milho, 7,3% menos
que no mesmo mês de 2017.
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