Um fato inédito foi registrado no terminal rodoferroviário de Rondonópolis, que no sábado (22) recebeu a primeira composição com contêineres empilhados em dois níveis. Pela primeira vez no Brasil e na América Latina, uma composição saiu de Sumaré (SP) com 68 vagões carregados com 136 contêineres e foram desembarcados no terminal mato-grossense.
A Brado Logística, subsidiária da Rumo Logística, e especializada no transporte de contêineres, investiu R$ 30 milhões no novo sistema conhecido como “double stack”, que deve trazer um ganho de 40% na capacidade de transporte dos trens. Os veículos são formados com vagões que podem carregar até três contêineres empilhados, um de 40 pés (12 metros) e dois de 20 pés (seis metros). Nesta viagem inaugural, foram usados dois contêineres por vagão.
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O feito foi comemorado pelo deputado Carlos Avallone (PSDB). Ele lembra que estudos preliminares confirmam a existência de uma grande demanda estimada em 20 milhões de toneladas anuais para o transporte de alimentos e outros produtos industrializados da região Sudeste para a Grande Cuiabá, por meio de contêineres, o que justifica plenamente a extensão dos trilhos e a construção do terminal rodoferroviário.
Segundo dirigentes da Rumo, a inovação atende às necessidades de um mercado em expansão, percorrendo perto de 1,4 mil quilômetros entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Em 2017, 474 contêineres foram movimentados de Sumaré para Rondonópolis. Em 2018, o número saltou para 3.375, um crescimento de 600%. No trajeto inverso, a movimentação de contêineres subiu de 3.392 para 8.961, uma expansão de 164%.
A meta é chegar ao final do ano com a marca de 4.828 contêineres entre Sumaré e Rondonópolis, e 10 mil no percurso contrário. O crescimento é resultado da decisão de atender clientes dos mais diversos segmentos industriais e agrícolas, que podem utilizar a ferrovia para levar seus produtos por longas distâncias.
Entre as vantagens do modal ferroviário estão o frete mais competitivo (cerca de 10% menor que o modal rodoviário em longas distâncias), a previsibilidade de entrega e garantia da integridade dos produtos transportados.
Outras vantagens são a redução no consumo de combustíveis e na emissão de poluentes. Um trem formado por 100 vagões é capaz de transportar o mesmo volume de carga que 357 caminhões bitrem. O trem emite 14 kg de dióxido de carbono por cada quilômetro percorrido, enquanto os 357 caminhões emitem 762 kg de poluentes na mesma distância. O trem percorre 374 km com um galão de combustível, enquanto um caminhão percorre apenas 109 km.
Terminal de Contêineres em Cuiabá
No dia 8 de julho próximo, acontece na sede da Fiemt em Cuiabá uma audiência pública requerida por Avallone. Nela, a concessionária Rumo vai expor seu projeto de expansão dos trilhos de Rondonópolis a Cuiabá e posteriormente a Sorriso. Além disso, serão discutidas e avaliadas as perspectivas de crescimento econômico e social a partir da implantação de um terminal rodoferroviário para contêineres na Baixada Cuiabana.
Para o deputado Avallone, a audiência pública é fundamental para que se possa debater com a sociedade organizada os planos de extensão e roteiro da malha ferroviária em solo mato-grossense. “É muito importante viabilizar a vinda da ferrovia, considerando o desenvolvimento econômico e social que trará para toda a Baixada Cuiabana, gerando empregos e serviços para diferentes segmentos da comunidade”.
Logística de transportes
A Rumo é a maior operadora ferroviária do Brasil, com serviços logísticos de transporte por ferrovias, elevação em portos e estocagem de produtos. Atualmente, sua base de ativos é composta por quatro concessões, totalizando 12.021 km de linhas férreas, 1.000 locomotivas e 25.000 vagões, além de centros de distribuição e instalações de armazenamento. Resultado da fusão entre a Rumo Logística (Grupo Cosan) e a antiga América Latina Logística (ALL) em 2015, hoje a empresa opera 12 terminais de transbordo com capacidade de armazenagem estática de aproximadamente 900 mil toneladas de grãos, açúcar e outras commodities.
Em Mato Grosso, opera os terminais de Alto Taquari, Alto Araguaia e Rondonópolis. A empresa detém as concessões ferroviárias da Malha Norte e Malha Paulista, além dos terminais de transbordo em Mato Grosso e São Paulo. É responsável pelo transporte de commodities agrícolas (soja, milho, farelo de soja e açúcar), fertilizantes, combustíveis, cimento e celulose. Desde a aquisição da ALL em 2015, a Rumo investiu aproximadamente R$ 10 bilhões em suas malhas.
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