A companhia de logística Rumo, do Grupo Cosan, vai buscar entre 5 bilhões de reais e 6 bilhões de reais com uma oferta de ações. A empresa anunciou ontem a possível emissão, mas ainda sem os valores definitivos. Foram contratados bancos de investimentos para estruturar a operação – Bradesco BBI, Itaú BBA, BTG Pactual, na coordenação, e ainda Banco do Brasil e Safra.
A captação, toda primária, da Rumo tem potencial para ser a segunda maior do ano na B3, atrás apenas dos 8 bilhões de reais levantado pela Lojas Americanas, com auxílio do 1,8 bilhão de reais dos acionistas controladores, o trio 3G Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann. O valor final, a depender do comportamento das ações, poder ser ainda maior. A companhia convocou assembleia para alterar o seu estatuto social para permitir um aumento de capital de até 7 bilhões de reais – deixando claro o tamanho do apetite.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
O mercado não se assustou com o tamanho da operação. As ações estão em alta de 0,85% e o valor em bolsa da empresa estava em 35,1 bilhões de reais.
A emissão também vai contar com reforço do controlador. A expectativa é que a Cosan Logística e a Cosan S.A. também acompanhem a operação, segundo as informações que circulam no mercado. A Logística tem 28,5% da Rumo e a Cosan, entre 1,5% e 2%. Juntas, portanto, se forem evitar toda a diluição, podem responder por 1,5 bilhão de reais a 2 bilhões de reais do que for captado.
Os recursos vão ajudar a pagar dívidas caras – ainda que alavancagem da companhia esteja baixa, especialmente em meio a uma crise – e a financiar o plano de expansão de capacidade.
Entre as dívidas que a empresa poderá eliminar após se capitalizar, estão 3,1 bilhões de reais de longuíssimo prazo (vencimento total em 2058) relacionados à renovação antecipada da concessão da Malha Paulista. O incentivo é o custo: o compromisso corre a IPCA mais 11%. O plano de expansão pretendido é relacionado à Malha Oeste. Além disso, projetos no setor não faltarão. O governo tem planos de licitações superiores a mais de 70 bilhões de reais em áreas de interesse para a companhia e a Rumo, que já é a maior do setor no país, pretende assim continuar.
O Grupo Cosan está em meio a um amplo processo de reestruturação societária que vai concentrar o controle das companhias investidas em uma só holding, do empresário Rubens Ometto – atualmente existem três, Cosan S.A.; Cosan Logística e CZZ. A Rumo é a única de capital aberto com grande liquidez. A operação completa deve listar as demais controladas Moove, de lubrificantes, Raízen, de energia e combustíveis, e a Compass, dona da Comgás. Com o novo modelo, além de concentrar a liquidez da holding em uma única companhia e ação, as empresas investidas conquistam autonomia para se capitalizar sem depender exclusivamente do controlador.
Outro esforço do conglomerado – de alguns anos para cá, mas que culmina nessa operação – é de imagem. A companhia tem se destacado por tornar evidente seus fatores ESG – de sustentabilidade, social e governança – e também de se mostrar comprometida com os investidores. Não por acaso a primeira mensagem que Marcelo Martins, vice-presidente financeiro do grupo, quis transmitir ao anunciar a reorganização é que ela não tem por objetivo beneficiar apenas Ometto, mas todas as empresas do grupo e investidores.
Fonte: https://exame.com/exame-in/rumo-planeja-captar-r-6-bi-e-oferta-pode-ser-segunda-maior-do-ano/
Seja o primeiro a comentar