A renovação antecipada da concessão da malha ferroviária paulista deve resultar em investimentos de R$ 500 milhões na região de São José do Rio Preto nos próximos anos para resolver um problema histórico: a passagem de trens várias vezes por dia na zona urbana da principal cidade regional.
A solução do gargalo deve ser uma das prioridades da concessionária Rumo depois de ter assinado a renovação antecipada do contrato, em maio, ao lado de obras similares em Araraquara e Rio Claro. O valor total a ser investido em obras deve alcançar R$ 1 bilhão, o que significa que metade do total será destinado a Rio Preto.
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A cidade registrou, em 2013, um descarrilamento de trem na área urbana que resultou em oito mortos, seis feridos e na destruição de duas casas, além de interditar a ferrovia por nove dias.
Já em Araraquara e Rio Claro, as obras terão como objetivo fazer com que os trens não entrem mais na zona urbana para abastecerem ou passarem por manutenção.
O pacote de obras para tirar os trens da área urbana de Rio Preto resultará num contorno ferroviário com 59 quilômetros de extensão, com 20 viadutos e 5 pontes. As obras dependem de licenciamentos, mas a prefeitura projeta que estejam concluídas até 2026.
Hoje, a malha férrea corta a cidade em cerca de 15 quilômetros de extensão, o que trava o trânsito. O contorno, quando concluído, fará com que os trens trafeguem a pelo menos 10 quilômetros de distância da zona urbana.
O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), quer a saída dos trens, mas não dos trilhos que hoje dividem a cidade e podem, conforme proposta do governo, abrigar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que seria cedido à iniciativa privada.
A prorrogação do contrato de concessão da malha paulista foi assinada em 27 de maio. Conforme a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), os investimentos a serem realizados pela concessionária que não estavam previstos no contrato original totalizam cerca de R$ 6 bilhões.
Após o investimento, a malha paulista poderá mais do que dobrar a sua capacidade de transporte.
Presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate disse que a prorrogação do contrato é importante para melhorar o desempenho do setor, que em 2019 chegou a operar com 90% de ociosidade e teve o pior cenário nos últimos dez anos.
A indústria aposta que boa parte do valor total a ser investido pela Rumo será em vagões e locomotivas. Foi um marco histórico, que abrirá caminho para a renovação das outras concessões, disse.
E por quais motivos há tantos conflitos entre trens e a zona urbana das cidades?
As ferrovias se desenvolveram rumo ao interior paulista entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do século passado principalmente para facilitar o escoamento da produção de café rumo ao porto de Santos.
Com isso, muitos núcleos urbanos começaram a se formar no entorno das estações ferroviárias e deram origem a várias cidades, como Brodowski.
Além disso, como o objetivo era transportar o café, a ferrovia chegava às fazendas, o que fez com que seu traçado seja sinuoso e ineficiente em alguns locais.
Isso fez com que até hoje existam curvas inadequadas e rampas acentuadas, que exigem que os trens trafeguem em baixa velocidade em alguns pontos. O mesmo se aplica aos perímetros urbanos, em que as composições reduzem a velocidade devido ao risco de atropelamentos e colisões com veículos.
Ao buscar a renovação antecipada da concessão, a Rumo produziu um caderno de obrigações com contrapartidas que contempla obras em ao menos 35 cidades paulistas, que vão de contornos ferroviários à reativação de ramais, passando por viadutos, passarelas e pontes.
Esses conflitos urbanos já fizeram a própria concessionária lançar um edital para startups, empreendedores e estudantes apresentarem projetos com soluções inovadoras para melhorar a segurança nos cruzamentos e reduzir colisões entre trens e veículos e atropelamentos.
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