O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quinta-feira que, em seu entendimento, o setor de nfraestrutura do país vive um momento muito especial. Ele citou a área como estratégica, não somente para o banco mas também para o governo brasileiro.
Em participação na 39ª Edição do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), promovida pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), ele defendeu maior abertura do setor no país. Se eu tiver que resumir o objetivo do banco ou do governo federal, eu gosto de dizer que nosso objetivo maior é abrir o mercado de infraestrutura brasileiro afirmou ele no evento.
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Na análise do executivo, o Brasil é, por si só, um país de certa forma fechado, culturalmente, na balança comercial. A infraestrutura também não é tão aberta, era dominada por players nacionais afirmou ele.
Para Montezano, isso era influenciado também pelo BNDES, que era elefante na sala [ditando o ritmo e prazos e, na prática, se tornou barreira para quem queria investir.
Montezano foi taxativo ao criticar a postura do banco em gestões passadas ao se lidar com crédito. Olhando para trás, o BNDES operando um subsídio considerável, o banco tinha um poder de precificação, de crédito, que deveria ser comedido, observou ele. O banco tinha que limitar seu spread técnico máximo. Por outro lado, um banco público operando com subsídio extensivo, além da perda fiscal que tinha embutida, na estratégia, era algo questionável, afirmou ele.
Agora, no momento atual, a ideia é de que o banco possa prover crescimento da iniciativa privada no setor, enquanto trabalha em modelagem de projetos. Estamos a mudar o papel do banco, preparando projetos, definindo ‘pipeline’, afirmou, acrescentando que introduzir uma nova cultura de projetos é fundamental para esse novo ciclo de infraestrutura. Quando transformamos o banco em fábrica de projetos, a gente reduz as barreiras informacionais para quem quer participar desse jogo da infraestrutura, pontuou.
Segundo ele, o BNDES tem hoje todas as condições regulatórias e financeiras para fazer isso, e deixar a atuação passada da instituição de lado ao assumir esse novo papel.
Montezano disse que existe hoje um grande empenho em articulação entre governo federal, banco e agências reguladoras, no intuito de trabalhar para abrir mais o mercado de infraestrutura no país. No entendimento dele, essa articulação favorece o objetivo da União, de reduzir barreiras de competição para que mais projetos no setor sejam efetivados. Projetos não faltam no Brasil, comentou ele.
O dirigente do banco de fomento comentou, ainda, que vê com grande otimismo um começo de ciclo de longo prazo de crescimento e desenvolvimento do mercado de infraestrutura de 10, 15 anos, em cenário pós-coronavírus.
Nosso principal objetivo alinhado ao governo federal e agências reguladoras, é abrir o mercado de infraestrutura brasileiro, reduzir barreiras de competição para que mais projetos sejam efetivados, resumiu. Essa agenda não é uma jornada que se promove em um mês ou um ano; tem que ir virando o barco no longo prazo sem disrupções, completou. É uma transição de nós, do BNDES, que todo o mercado de infraestrutura brasileiro vai ver e andar junto, afirmou, acrescentando que o setor tem um mercado que cresce, se descentraliza e gera muita oportunidade para novos entrantes, afirmou.
Para o desenvolvimento do setor de infraestrutura, Montezano defendeu juro baixo, controlado e um bom ambiente regulatório, o que, segundo ele, o país se destaca. Para isso serve a nossa âncora fiscal, que está ganhando maturidade, afirmou. Assim como vimos na discussão das metas de inflação, a gente passa pelo entendimento da necessidade da âncora fiscal, que veio para ficar, observou.
Para Montezano, o país tem todos os ingredientes para entrar em bom ciclo de infraestrutura, e poucas vezes visto.
Outro campo citado pelo executivo foi o ESG, sigla em inglês com foco em eixos de sustentabilidade, meio ambiente, social e governança. No entendimento dele, o Brasil está bem preparado nesse campo. Temos mercado financeiro desenvolvido, democracia e sabemos cuidar do meio ambiente.
Ter capital no mundo hoje buscando o direcionamento de finanças verdes é baita oportunidade para o Brasil disse o presidente do BNDES.
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