Mesmo com a segunda maior bancada estadual da Câmara dos Deputados em Brasília, os parlamentares mineiros amargam queda nos investimentos federais executados em Minas Gerais em 2020.
Segundo dados do Portal da Transparência, o governo federal alocou R$ 9,71 bilhões no Estado no ano passado, R$ 190 milhões a menos do que foi investido em 2019.
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Um exemplo de pauta importante para Minas que não evoluiu como deveria em 2020 é a expansão do metrô de Belo Horizonte. Em setembro, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegaram a confirmar o repasse para as obras da Linha 2 do metrô da capital, mas logo foram desmentidos pelo Ministério da Economia, que informou que a verba deveria constar no Orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável por obras e investimentos de infraestrutura no país.
Todavia, na avaliação do líder da bancada mineira na Câmara, o deputado Diogo Andrade (PSD), a união dos 53 parlamentares mineiros teve conquistas importantes, como a ordem de serviço de pavimentação da BR-367, que liga cidades do Vale do Jequitinhonha.
Desde a época do Juscelino, esta é uma luta de várias coordenações, e agora (o presidente Jair) Bolsonaro deu a ordem de serviço, a obra já começou ligando Almenara a Salto da Divisa, era uma das demandas da bancada, relata.
Alfinetada
Por outro lado, outros parlamentares acreditam que a atuação poderia ter sido mais efetiva. Para Fábio Ramalho (MDB), a bancada não esteve unida o suficiente durante o ano.
A maioria das coisas que foram, que estão sendo alcançadas, começaram há mais de três anos, como a 381, a 367. Acho que a bancada tem realmente trabalhado, se esforçado muito, a maioria dos deputados, mas eu acho que o líder tem que fazer um pouquinho mais por Minas Gerais, destacou. O emedebista antecedeu Diego Andrade no cargo de coordenador da bancada mineira.
O deputado federal e presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel, por sua vez, avalia de forma positiva a atuação da bancada em 2020, mas cita as dificuldades econômicas federais para cumprir projetos importantes para o Estado.
A gente tem que raciocinar muito de acordo com a capacidade que o governo federal tem de responder as nossas demandas e também com as dificuldades econômicas pelas quais o Brasil pode passar dependendo dessa situação da Covid-19, mas concluir a BR- 381 é algo que eu diria que é imprescindível, porque é até vergonhoso que o governo federal esteja demorando tanto para investir aqui, opina.
Ano atípico
Julio Delgado (PSB) pondera que, apesar de um ano atípico, os parlamentares mineiros na Câmara não podem se contentar com o que têm. Para ele, o número grande de representantes deveria, mas não ajuda.
A gente consegue recursos, mas é um número muito tímido diante da dimensão que a gente tem. Apesar de eu enaltecer o esforço do nosso coordenador e de muitos mais, mas tem uma guerra de interesses e de vaidade muito grande, uma disputa de lados, e isso acaba atrapalhando os projetos estruturantes de Minas Gerais, ressalta.
O petista Reginaldo Lopes cita a ampliação do metrô como um grande desafio da bancada em 2021. Quando a gente pensa que, das capitais brasileiras, o metrô mais atrasado nos últimos ano é o de Belo Horizonte em termos de obra, nos dá uma angústia muito grande. Salvador, que nem tinha nada e hoje já tem uma linha que foi construída nesses anos que a gente estava parado… então eu diria que esse é um grande desafio, aponta. Para ele, a quantidade de líderes que integrarão a bancada neste ano pode alavancar os projetos em território mineiro.
Aposta
Para 2021, a aposta da bancada mineira na Câmara é pressionar a Vale a pagar a reparação devida pelo desastre em Brumadinho. Perto de completar dois anos do rompimento de barragem que deixou 270 mortos na cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, o Estado ainda cobra a reparação da empresa. A negociação entre as partes vem sendo feita na Justiça, e o governo de Minas quer que a empresa pague R$ 54 bilhões pelos danos causados.
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