Valor Econômico – Sem realizar novos investimentos há quatro anos, o braço financeiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o chamado FI-FGTS, tenta sair da inércia e lança na segunda-feira um edital de chamada pública para a seleção de projetos de infraestrutura para realização de investimentos de R$ 3 bilhões. O edital foi aprovado hoje pelo comitê de investimentos do FI-FGTS.
Em entrevista ao Valor, a presidente do comitê, Suzana Leite, afirmou que a retirada do valor mínimo de R$ 100 milhões para investimentos do FI-FGTS vai ajudar a destravar os novos investimentos do fundo, que passará a operar também com empresas menores. Ela afirmou que a retomada dos investimentos do fundo deve contribuir para a recuperação da economia e geração de empregos.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
“Como não vai ter valor mínimo para investimento, pode haver uma adesão maior. Antes trabalhávamos para financiar grandes projetos, agora atuaremos também com os menores. Esse é o grande diferencial do edital.”
Após alguns anos como membro do conselho, Suzana reassumiu em dezembro o comando do comitê e vai tentar fazer com que o FI-FGTS volte a ter protagonismo. Por exemplo, as reuniões dos membros do comitê passaram a ser semanais para “limpar a pauta” no que diz respeito a propostas de aprimoramentos no fundo. Antes as reuniões ordinárias ocorriam a a cada dois meses.
Além da retirada do valor mínimo de investimento do fundo, o edital prevê que o fundo vai financiar 25% do projeto. No passado, esse valor já foi de 100% e vem sendo reduzido de tempos em tempos. “O país precisa voltar a investir para crescer e gerar emprego.”
Além disso, segundo a presidente do comitê, será exigido do empreendedor um capital próprio mínimo de 20% do valor do projeto. Num primeiro momento, o FI-FGTS pode comprometer até 40% dos R$ 3 bilhões em um determinado segmento.
De acordo com ela, o FI-FGTS tem disponível cerca de R$ 5 bilhões para investimentos em infraestrutura mas o comitê decidiu, neste momento, lançar um edital de R$ 3 bilhões para testar o apetite do mercado. Dependendo do resultado, os valores podem ser reavaliados em 90 dias. O comitê estuda ainda investimentos em cotas de fundos em direitos creditórios (FIDCs). O FI-FGTS financia projetos em rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, energia, saneamento e aeroportos.
Apesar das inovações no edital, as exigências pelo FI-FGTS para liberação dos recursos para os projetos são bem mais restritivas do que é pedido pelo mercado financeiro. Neste aspecto, não houve alteração. Desde o fim de 2016, o FI-FGTS não libera recursos para novos projetos justamente devido aos critérios que foram ajustados após investimentos do fundo terem sido alvo de investigações da Operação Lava-Jato. Uma mudança instituída foi o utilizar o modelo das chamadas públicas que foi bastante criticado devido à morosidade no processo e na liberação dos recursos.
Operando desde 2008 para ajudar o governo a aumentar os investimentos em rodovias, ferrovias, energia elétrica e saneamento básico, o FI-FGTS visa melhorar a rentabilidade dos recursos dos trabalhadores, que, por lei, é de 3% ao ano mais TR. A Caixa tem como meta perseguir um rendimento de 6% mais TR ao fundo.
Seja o primeiro a comentar