Fim do boom das commodities? Entenda as baixas no setor

Um pedaço de minério de ferro nas mãos de um mineiro da Austrália: demanda da China e oferta do Brasil são fiéis da balança dessa commodity. (David Gray/ Reuters)
Um pedaço de minério de ferro nas mãos de um mineiro da Austrália: demanda da China e oferta do Brasil são fiéis da balança dessa commodity. (David Gray/ Reuters)

Estadão – Nas últimas semanas, o mercado sofreu uma recalibragem de rota. O boom das commodities, iniciado no final do ano passado e que impulsionou as companhias do setor para resultados históricos, começou a enfraquecer. Desde o meio de julho, a cotação dos contratos futuros de minério de ferro negociados em Cingapura caíram 29,7%, passando de US$ 219,67 para US$ 154,31.

O petróleo seguiu na mesma linha, com queda de 11,84%, aos US$ 65,04, enquanto as commodities agrícolas (grãos, óleo vegetal, açúcar e algodão) amargam uma perspectiva ainda mais negativa. “Estamos mais baixistas em relação aos preços agrícolas e esperamos um declínio de aproximadamente 30% até 2024 a partir do preço atual. O consenso da Bloomberg mostra uma queda de 15%, em linha com nossa previsão anterior”, diz o relatório do Bradesco BBI e Ágora Investimentos.

De acordo com José Mauro Delella, consultor econômico da Alta Vista Investimentos, o ciclo de forte de alta observado entre 2020 e o 1º semestre deste ano, não tem um caráter generalizado e foi motivado por um conjunto de fatores que ‘perderam força’ nos últimos dias. “O que impulsionou as commodities foi o investimento chinês em infraestrutura, como resposta aos efeitos do coronavírus, que aumentou fortemente a demanda por matérias-primas básicas, notoriamente metais”, afirma Delella.

A China também foi um dos grandes responsáveis pelo salto nos produtos agrícolas, com um ritmo de importação muito forte, enquanto problemas de ordem climática limitavam a oferta dos produtos. Fora essa questão, em muitos outros países, em especial nos desenvolvidos, foram adotadas políticas fiscais e monetárias bastante expansionistas (diminuição dos juros para estimular a economia) para contornar a desaceleração provocada pelo avanço da covid-19, o que deslocou os preços para cima.

“Nos últimos dias vimos questionamentos sobre essas combinações, primeiro com números de atividade econômica mais fracos na China, o que sinaliza um menor ímpeto de expansão chinês nessa parte de infraestrutura”, afirma Delella. Outro ponto forte que freou as expectativas em relação às commodities foi o aumento do risco de que essa essa política monetária expansionista no mundo tenha que acabar antes do que o imaginado, com a escalada da inflação.

Fonte: https://einvestidor.estadao.com.br/noticia/boom-commodities-baixas-setor/

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