Jornal da USP – Desde o início deste ano, os usuários do Metrô do Rio de Janeiro passam por uma estação cujo nome é Botafogo/Coca-Cola. O governo do Estado fez uma sessão onerosa com direito à denominação, podendo assim aumentar a receita do chamado naming rights – direitos de uso do nome. Segundo o Metrô, essa foi uma tentativa de recolher mais dinheiro, já que a arrecadação despencou em função da pandemia de covid-19.
O fato é que essa atitude gerou uma movimentação contrária à medida. A primeira é que os topônimos, os nomes das coisas, têm um patrimônio imaterial e não podem ser vendidos para qualquer interesse comercial. Eles têm um significado público.
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E a segunda questão levantada é que estamos falando de uma bebida industrializada, ultraprocessada, com grande adição de açúcar, que comprovadamente causa doenças como diabete e obesidade e outras doenças crônicas e até câncer. Por tudo isso, parece não fazer sentido colocar o nome de um produto (Coca-Cola) que causa doenças, que justamente vão aumentar o gasto da saúde pública do município.
Recentemente, foi anunciado em São Paulo que o bairro do Bom Retiro seria transformado em Koreatown, ou seja, uma denominação com inspiração em semelhante bairro de cidade norte-americana. A presença da imigração coreana no bairro é importante e significativa, mas muito longe de uma apropriação da diversidade cultural, étnica e histórica representada pelo bairro do Bom Retiro. Há uma luta de entidades do bairro nesse sentido de querer reduzi-lo a apenas uma nacionalidade.
O Bom Retiro é diverso. É coreano, boliviano, paraguaio, peruano, nordestino, judaico, armênio, italiano, é muito mais do que isso, e não há sentido em transformá-lo em apenas uma única definição. O nome das coisas é um patrimônio coletivo, que tem história e tem significado e não pode ser definido a partir de estratégias de marketing daqueles que estão ocupando provisoriamente os governos.
Fonte: https://jornal.usp.br/radio-usp/estacoes-do-metro-com-nomes-de-produtos-dao-margem-a-controversias/
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