O Globo – Cerca de uma tonelada de grampos, parafusos de fixação e até pedaços de trilhos de trens usados pela Supervia, furtados nos últimos meses, foram apreendidos pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) nesta segunda-feira. O material estava escondido em uma loja de artigos religiosos de matriz africana em Madureira, na Zona Norte do Rio. Nos últimos dias, materiais como os de hoje já haviam sido encontrados em 50 ferros velhos da capital e Baixada Fluminense.
Mais de mil objetos foram encontrados. De acordo com as informações, os objetos seriam usados para trabalhos religiosos.
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— Chegamos lá, uma loja de artigos religiosos, através de denúncia. Lá, nos deparamos com esse material de mais de uma tonelada. Grampos, trilhos, parafusos de fixação retirados. Esse material retirado poderia fazer um desastre. Trouxemos (a delegacia) quatro pessoas. Eles vão responder por receptação qualificada. Eles compraram das pessoas que vendem. Geralmente, usuários de drogas — disse o delegado Gustavo de Mello de Castro, titular da DRF, que completou:
— Esses objetos feitos de ferro possuem um valor irrisório. Conseguimos apurar que eram utilizados para trabalhos de acordo com o entendimento religioso.
— Isso causa um transtorno a ponto de fechar um ramal e impedir o direito de ir e vir da população. É um prejuízo do dinheiro, mas o principal impacto é o direito de ir e vir da população — disse um funcionário da Supervia que feio ao local identificar e recolher o material. Ele destacou que alguns dos objetos deverão ser reaproveitados.
Nos últimos dias a concessionária de transporte ferroviário interrompeu várias vezes as operações de trens devido ao furto de cabos e de pregos que prendem os trilhos. O material será devolvido para a Supervia ainda nesta segunda-feira.
A degradação sócio-cultural no Brasil é um espetáculo vexatório à vista de qualquer cidadão com um entendimento mediano de ordem social. À situação crítica da educação, soma-se o descaso absoluto das entidades de governo e estado, cuja principal preocupação é a própria sobrevivência em níveis cada vez mais custosos para a população. A curiosa inversão de papeis dos órgãos supostamente constituídos para garantir a lei, são o atestado de que vivemos hoje numa distopia.