CNN Brasil – O frete de produtos agrícolas por ferrovias no primeiro quadrimestre de 2022 bateu o recorde dos últimos doze anos. Foram 25 bilhões de toneladas transportadas entre soja, farelo de soja, milho, trigo, açúcar e outros granéis agrícolas, segundo dados da Associação Nacional de Transporte Ferroviário (ANTF) produzidos com exclusividade para a CNN.
De acordo com o levantamento, o transporte dos chamados granéis agrícolas por trens registrou um crescimento de 127% desde 2010, considerando dados de janeiro a abril de cada ano. Na comparação com os primeiros quatro meses do ano passado, o aumento foi de 14,19%.
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Para o diretor executivo da ANTF, Fernando Paes, os principais fatores para esse crescimento são os crescentes investimentos por parte das concessionárias, a continuidade de diferentes governos em ações no setor e o menor custo do transporte ferroviário.
“Tradicionalmente as ferrovias tendem a ser mais competitivas do ponto de vista de custo. Quando a gente está falando de transporte de grandes quantidades de carga por distancias acima de 300 quilômetros, o frete ferroviário vale mais a pena. Então, já existe uma tendência de crescimento. Nos últimos três últimos anos, especificamente, o modal ferroviário deu um salto.”, afirma Paes.
A participação das ferrovias apresentou crescimento ainda nas exportações. Na comparação com 2021, o transporte de milho por ferrovias cresceu 156,9% neste ano. O açúcar teve alta de 6,6%, a soja 4,1%, e o transporte de minério de ferro aumentou 3,9%.
“Hoje as ferrovias representam, elas são responsáveis por mais ou menos 40% das comodities agrícolas que são exportadas pelo país. A expansão das ferrovias é importante pro agronegócio já que as principais produções estão no Centro-oeste, longe dos portos. Pelos cálculos que a gente fez em alguns estudos, o transporte por trem é entre 10%, até 25% mais barato do que o frete rodoviário para um mesmo trecho.”, aponta o diretor-executivo.
Impacto ambiental
Além da competitividade nos custos, o transporte ferroviário tem outra vantagem: a ambiental. Segundo dados do Instituto de Logística e Supply Chain – ILOS compilados pela ANTF, quando comprado ao rodoviário, o modal ferroviário emite cerca de 85% dióxido de carbono (CO²) a menos.
“A questão da emissão de poluentes hoje é uma preocupação também dos produtores, quando a gente começa a pensar em economia verde e o quanto isso influencia seja no financiamento dos projetos, ou na própria venda dos produtos para outros países. A gente responde por 3% da emissão de poluentes no setor de transportes, mas somos responsáveis por 20% do setor. Esse número mostra com muita clareza a eficiência energética da ferrovia.”, avalia Paes.
Uma composição ferroviária composta por 120 vagões, por exemplo, transporta o equivalente a 368 caminhões graneleiros. Em 2020, somente 2,88% das emissões de CO² no transporte terrestres foram originados pelo modal ferroviário.
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