Diesel e safrinha de milho ‘cheia’ vão sustentar preços do frete

Custo do frete deve seguir em patamar elevado no país — Foto: Guito Moreto/Agência O Globo
Custo do frete deve seguir em patamar elevado no país — Foto: Guito Moreto/Agência O Globo

Valor Econômico – Os preços dos fretes rodoviários para transporte de grãos devem cair neste mês, com o encerramento da colheita de milho no Centro-Oeste, e seguir praticamente estáveis até janeiro, quando começa a colheita da safra de verão. Mas, mesmo com o recuo, a safra recorde do cereal neste inverno e o reajuste dos preços do diesel devem manter os valores médios do frete em patamar de 40% a 60% mais alto que o do mesmo período do ano passado.

“Apesar do início da entressafra, os preços do frete de grãos sofrem com a resistência da inflação de combustíveis, já que os cortes de impostos anunciados pelo governo federal afetaram principalmente a gasolina. Além disso, os volumes de milho transportados hoje são muito maiores que os do ano passado e têm pressionado o fluxo para exportação”, diz Fernando Bastiani, pesquisador do Grupo de Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog/USP) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a colheita de milho neste inverno tenha somado 87,4 milhões de toneladas. Em 2020/21, com as lavouras afetada por uma forte seca, a produção foi de 60,7 milhões de toneladas.

O pesquisador lembra também que as exportações de soja se distribuíram ao longo dos meses porque o produtor estava capitalizado, e, assim, podia aguardar preços melhores. “Isso quer dizer que ainda há soja armazenada, o que deve manter os preços do fretes aquecidos”, afirma.

De acordo com o levantamento da EsalqLog, o frete para transportar grãos entre Sorriso e o terminal ferroviário de Rondonópolis, ambas em Mato Grosso, foi de R$ 167,95 a tonelada em agosto, em média. Em setembro, a previsão é de queda de 9,2%, para R$ 152,55, mas, em comparação com agosto do ano passado, o preço aumentou 54,1%.

Dinâmica que se repete

Essa dinâmica ocorre também no trajeto entre Rio Verde, em Goiás, e o porto de Santos, em São Paulo. O custo médio do transporte, que foi de R$ 306 por tonelada no último mês, deve cair 5,3% em setembro, para R$ 289,78 a tonelada. Em comparação com agosto de 2021, entretanto, o valor do mês passado foi 65,4% mais alto.

No caso das rotas com destino ao Arco Norte, o aumento em relação ao ano passado é ainda mais significativo. De Sorriso ao porto hidroviário de Miritituba, no Pará, os preços subiram 72,5% entre agosto de 2021 e agosto de 2022, para R$ 325,44 a tonelada, em média. A previsão para setembro é de queda de 8,1%.

“A cada ano crescem os volumes de escoamento para o Arco Norte. Com isso, a comparação entre os anos é sempre com números gigantes”, diz o pesquisador.

Bastiani afirma ser muito cedo para projetar os custos de transporte na safra de verão, mas as vendas de adubos e outros insumos, que foram antecipadas, indicam tendência de aumento. “Vamos depender do clima. A partir de 15 de setembro, com o fim do vazio sanitário em Mato Grosso, já será possível ter uma perspectiva melhor”.

Fonte: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/09/04/diesel-e-safrinha-de-milho-cheia-vao-sustentar-precos-do-frete.ghtml

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