Valor Econômico – A CCR, que atua em São Paulo como concessionária de rodovias e linhas de trem e de metrô, não deve ficar de fora da disputa pelo próximo projeto de mobilidade urbana do estado, o Eixo Norte do Trem Intercidades (TIC), que ligará a capital paulista a Campinas e prevê uma concessão de 30 anos.
Anunciado na última sexta-feira pelo governo estadual, o projeto deve exigir R$ 12,7 bilhões em investimentos e será estudado pela CCR, segundo relatório do BTG Pactual assinado pelos analistas Lucas Marchiori e Fernanda Recchia.
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A empresa tem boas razões para considerar a oportunidade, ponderam, a começar pelo fato de que lidera o mercado de mobilidade urbana no Brasil e é um ator dominante no sistema ferroviário do estado.
Só em São Paulo a CCR é responsável por administrar as concessões das linhas de trem 8 e 9. A empresa também cuida das linhas 4 e 5 do metrô da capital e gere a linha 17 do monotrilho.
Para o BTG, além de o Trem Intercidades atender aos critérios de investimentos da CCR e abranger uma região nobre do estado, entrar no projeto seria uma boa maneira de se blindar de uma possível migração dos usuários das rodovias que a empresa também administra para a nova linha de trem.
“Acreditamos que isso desencadearia uma reivindicação de reequilíbrio para a CCR, especificamente em seu contrato de concessão Autoban”, escreveram os analistas, em referência ao sistema Anhanguera-Bandeirantes, que é administrado pela CCR Autoban e liga São Paulo à região de Campinas, com um fluxo médio diário de 850 mil viagens.
Os analistas esperam que o reequilíbrio dos contratos seria automático, pois a prorrogação do contrato da Autoban, assinado em abril de 2022, não envolve riscos relacionados ao tráfego. Eles ponderaram ainda que 55% do tráfego da Autoban é de veículos pesados, o que reduziria a chance de migração dos usuários para a linha de trem.
O governo de São Paulo, enquanto isso, não está parado e também tem buscado possíveis interessados no exterior.
Na semana passada, o secretário de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz, foi a Madri para apresentar o projeto a investidores. Ele se reuniu com os grupos Ohla, Sacyr e ACS.
A empresa vencedora será a que oferecer o maior desconto em relação à compensação do governo de R$ 458 milhões por ano, ou R$ 13,7 bilhões em 30 anos. O plano do governo de São Paulo é “ouvir” o mercado nos dias 16, 17 e 23 de julho, com o leilão previsto para o dia 28 de novembro.
Embora seja cedo para o BTG avaliar a chance de a CCR vencer o leilão e qual será o ambiente de competição, o banco vê a ação da empresa como uma boa aposta para o longo prazo, principalmente após sua recente extensão de contrato, com reequilíbrio de contrato da Autoban.
“No lado micro, estamos otimistas com sua melhor alocação de capital e governança corporativa”, disseram os analistas.
Eles calculam que a CCR negocia com uma taxa interna de retorno (TIR) real de 10,4%. A estimativa de preço-alvo é de R$ 19, uma valorização potencial de
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