Atrasos, superlotação, acidentes: veja o sufoco de quem depende de trens em São Paulo

G1 – A reportagem especial do Fantástico deste domingo (14) embarca num meio de transporte usado por milhões de brasileiros todos os dias. E mostra a situação precária e perigosa em muitas linhas de trens urbanos. São descarrilamentos, panes, atrasos, falhas… Uma rotina de transtornos para os passageiros em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Vitor trabalha com tecnologia da informação e usa o trem urbano como meio de transporte toda dia em São Paulo. Com a lentidão e as falhas dos trens, ele chegava tantas vezes atrasado ao trabalho que foi transferido de unidade.

Nesse meio tempo, ele criou um perfil pra compartilhar informações sobre problemas nas duas linhas de trem que ele mais usa. São 7 mil seguidores em duas redes sociais e centenas de vídeos e fotos do que os passageiros enfrentam. Muitos flagrantes são enviados por pessoas que ele não conhece, mas sabem bem o que ele passa. Veja todos dos detalhes na reportagem em vídeo acima.

São Paulo tem seis linhas de metrô e sete linhas de trem. Antes, era o governo do Estado que tomava conta de tudo, mas isso vem mudando ao longo dos anos. As linhas mais recentes nas mãos da iniciativa privada são a Diamante e a Esmeralda – e o número de falhas disparou.

Essas duas linhas, no primeiro ano de operação da concessionária, bateram o recorde de falhas dos últimos dez anos, quando começou o levantamento diário da Globo. E a falha humana é um dos motivos para que, em 16 meses de operação, a ViaMobilidade tenha sido multada em mais de R$ 10 milhões, por infrações como avanços de sinal vermelho.

A sequência de problemas fez o Ministério Público abrir uma investigação. Os dormentes são barras, de madeira ou concreto, onde os trilhos são fixados. Uma vistoria do MP constatou que há vários pontos onde essas peças estão em estado avançado de degradação. A promotoria exigiu da empresa um plano emergencial para recuperação da estrutura crítica.

Já foram seis descarrilamentos em menos de um ano e meio de concessão. Pelo menos um deles devido à péssima condição dos dormentes. Ao Ministério Público, a ViaMobilidade, que é do grupo CCR, informou que já assumiu as duas linhas com trilhos gastos, dormentes podres e com trens com revisões vencidas.

A negociação de prazos para consertar os pontos críticos se arrasta há meses. E, na falta de um acordo, o Ministério Público não descarta pedir à Justiça o cancelamento da concessão.

Em São Paulo, as duas linhas 8 e 9 de trem concedidas em 2021 transportam, juntas, 795 mil pessoas por dia. O índice de satisfação dos passageiros das linhas despencou e o que ficou pior não foram só a lotação e os atrasos dos trens – as viagens estão mais arriscadas também. Nas duas linhas, são 70 pontos críticos, ou seja, onde há riscos de acidentes. E, para evitá-los, a velocidade dos trens foi reduzida.

O governo estadual informou que pediu um plano de ações à concessionária para os próximos dois anos. Além das multas, a ViaMobilidade já deixou de receber R$ 29,5 milhões em repasses de passagens pelo desempenho do serviço. A CPTM, companhia paulista de trens, disse que entregou as linhas “em perfeitas condições”.

Rio de Janeiro

Os acionistas japoneses que controlam a SuperVia, responsável pela gestão dos trens em 12 cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro, anunciaram no mês passado que vão deixar a concessão. Entre os motivos, prejuízo com furto de metais e cabos e a perda de receita na pandemia.

O governo do Rio informou que, mesmo com aporte recente de recursos para compensar as perdas, os usuários seguiram enfrentando atrasos, desconfortos, paralisações e até acidentes. E que trabalha em um novo modelo de concessão da SuperVia, já que o atual, da década de 1990, está ultrapassado.

Fonte: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2023/05/14/atrasos-superlotacao-acidentes-veja-o-sufoco-de-quem-depende-de-trens-em-sao-paulo.ghtml

1 Comentário

  1. Creio que em 18 meses de recebida a concessão à CCR, a linha não pode se deteriorar. Afinal a CCR – Via Mobilidade investe em novos trens junto à Alston Taubaté. Parece-me mais vandalismo feito contra a privatização, como o corte de fios em locais estratégicos. E na reportagem não se falou do investimento feito pela Via Mobilidade. E lembro que os terríveis trens da outrora Central do Brasil, circulavam sem a menor segurança e sem o menor conforto, sempre com superlotação e portas aberta. Basta fazer um levantamento para saber os acidentes da antiga Central. Só a EFSJ que era um modelo nos anos 60.

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*