Valor Econômico – Após estudos de viabilidade, a mineradora Bemisa, do grupo Opportunity, desistiu da construção de uma ferrovia ligando Currais Novos (PI) ao Porto de Suape, em PE, para escoamento de minério de ferro extraído no Piauí. O recuo em relação à obra, que poderia ser uma solução logística para o trecho inacabado da ferrovia Transnordestina em Pernambuco, foi formalizado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) esta semana.
A Bemisa tem um projeto de mineração de ferro no estado do Piauí – o Projeto Planalto. A empresa pretendia escoar a produção por uma ferrovia com traçado semelhante ao da Transnordestina, em Pernambuco. O ramal pernambucano, com mais de 500 quilômetros, originalmente estava sob responsabilidade do grupo CSN, que atua nos setores de aço, minério de ferro, cimento, energia e logística. Mas a obra ficou no meio do caminho. A CSN avançou apenas no trecho cearense da obra, que liga o Porto do Pecém (CE) a Eliseu Martins (PI).
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Desde 2008, a Bemisa realiza investimentos em pesquisa geológica, engenharia, licenciamento ambiental no Piauí. Apestar da desistência em levar avante a construção da ferrovia, após análise técnica e financeira, a Bemisa destacou, em nota, “o compromisso com a produção de minério de ferro no Projeto Planalto, um dos projetos mais importantes para a economia do Nordeste e para o desenvolvimento social na região”.
A CSN devolveu o trecho pernambucano à União, que, neste ano, colocou R$ 400 milhões no orçamento do PAC 3 para continuidade da obra. O montante serviria apenas para não deixar a obra parada, mas é insuficiente para concluir o ramal pernambucano. Calcula-se que cada km de ferrovia exija um aporte de R$ 15 milhões, o que levaria o montante total ainda a ser investido a mais de R$ 5 bilhões.
CSN devolveu o trecho em PE à União, que colocou R$ 400 milhões no PAC 3 para a obra
Segundo secretário de desenvolvimento econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, há hoje três opções sendo avaliadas pela União: uma concessão pública (investimento público e privado), um chamamento público (investimento privado) ou delegação da obra ao Estado de Pernambuco. Nada impede que a Bemisa participe da nova modelagem.
Na semana passada, a o trecho cearense da Transnordestina, que continua com a CSN, recebeu liberação de mais R$ 800 milhões da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em financiamento.
“As questões de financiamento do ramal da Transnordestina que vai até Pecém não se comunicam com a realização dos investimentos da União no trecho Salgueiro-Suape nem com a modelagem de uma nova concessão para o trecho pernambucano”, disse o governo de Pernambuco, em nota.
As obras da Transnordestina foram iniciadas em 2006, durante a primeira gestão do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). A obra, liderada pela CSN, enfrentou diversos contratempos desde então e não há previsão de quando será concluída.
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