Valor Econômico – Apenas 7% dos projetos de hidrogênio verde anunciados no mundo devem estar em operação até 2030. A capacidade de energia renovável dedicada à produção de combustível à base de hidrogênio deve aumentar em 45 GW entre 2023 e 2028. A baixa performance se explica pela lentidão na decisão dos investidores em concretizar as iniciativas e em custos de produção mais elevados.
Para convencer os investidores, os anúncios de projetos de hidrogênio produzido a partir de energias renováveis devem ser seguidos de políticas e marcos regulatórios consistentes. A previsão é do último relatório da Agência Internacional de Energia sobre energias renováveis.
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Lançado há poucos dias, o “Renewables 2030” analisou o progresso dos projetos de hidrogênio anunciados no mundo, à exceção da China. A agência revisou, para baixo, suas projeções iniciais.
“É uma tendência que desaponta”, disse Fatih Birol, diretor executivo da AIE, no lançamento do relatório. “Acreditamos que o hidrogênio verde pode ter um papel importante na solução à crise do clima, para garantir segurança energética e também diversificar a matriz”, continuou.
“Não há um só dia sem notícias sobre novos projetos de hidrogênio no mundo. Existe muita excitação no mercado. Mas a agência fez uma análise e só 7% estarão em funcionamento em 2030. O maior problema é criar demanda para os projetos e ter uma boa regulamentação, para criar estímulo do lado do consumo”, seguiu Birol.
Nas estimativas de Heimy Bahar, analista sênior da AIE e autor do relatório, com este desempenho, o hidrogênio verde terá uma fatia de 1% ou 2% no mercado de renováveis em cinco anos. “Estamos menos otimistas do que estávamos em 2023”, seguiu Bahar.
O relatório da AIE diz, contudo, que desenvolver o hidrogênio verde têm sido importante no total dos investimentos em energia solar e eólica em mercados individuais focados na exportação do combustível, variando de 4% na Austrália para mais de 30% em Omã.
“Até 2028, os potenciais países exportadores poderão representar mais de um quinto da implantação da capacidade renovável impulsionada pelo hidrogênio”, menciona o texto. A liderança, no caso, seria da Arábia Saudita, Austrália, Omã e dos Emirados Árabes Unidos.
“Com a perspectiva de produzir hidrogênio renovável economicamente atraente para enviar a potenciais centros na Europa e na Ásia, estes países pretendem se tornar grandes exportadores de hidrogênio renovável e de combustíveis baseados em hidrogênio verde”, menciona o texto.
O crescimento global de 45 GW na capacidade de fontes renováveis entre 2023 e 2028 é equivalente à capacidade total de produção de eletricidade instalada na Suécia.
Tal crescimento será liderado pela China, Arábia Saudita e Estados Unidos – os três mercados são responsáveis por mais de 75% da capacidade renovável para a produção de hidrogénio até 2028. Entre 2023 e2028, a previsão é que 60% da capacidade global de energia renovável dedicada à produção de hidrogénio deverá ser de fonte solar fotovoltaica.
“O desenvolvimento de um mercado internacional do hidrogênio é uma incerteza fundamental que afeta a previsão”, reconhecem os analistas da AIE.
O relatório alerta que “ainda é necessário desenvolver sistemas de certificação para demonstrar conformidade regulamentar com os importadores”.
Outras incertezas nas previsões incluem falta de clareza nas definições de hidrogênio de baixa emissão de gases-estufa, na infraestrutura adequada para o comércio internacional e se estará operacional até 2028.
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