A inclusão de 57 novos projetos no programa de privatizações
e concessões do governo federal, segundo analistas, é positiva e pode
contribuir para reduzir as dificuldades fiscais em que se encontra o País já no
curto prazo. Mas a avaliação é que os impactos serão mais positivos mesmo é no
longo prazo.
Para o economista Sílvio Campos Neto, da consultoria
Tendências, há a sinalização do governo de uma mudança da postura do Estado na
economia, com a redução do seu papel nos negócios. Isso fica evidente na
previsão de venda da participação da Infraero nos aeroportos já concedidos à
iniciativa privada, como o de Guarulhos em São Paulo e o de Confins em Belo
Horizonte. No governo anterior havia grande protagonismo do setor público na
economia, ressalta ele.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Esta sinalização de mudança tem impacto positivo na
confiança de investidores, o que é um passo importante para a atração de
recursos do exterior, afirma Campos Neto. Para ele, há demanda pelos projetos
de investidores externos.
Ao mesmo tempo, lembra o economista, o quadro de incerteza
política ainda é alto, em meio às investigações da Operação Lava Jato e as
eleições de 2018. A elevada incerteza, apesar dos projetos de infraestrutura
serem de longo prazo, pesa nas decisões dos agentes.
Para Campos Neto, o pacote dará alívio fiscal às contas
públicas, especialmente em 2018, mas não resolve a forte deterioração da
dívida, que segue precisando de medidas estruturais, como a reforma da
Previdência.
Avaliação parecida tem o economista-chefe da Austin Rating,
Alex Agostini. Segundo ele, a medida é positiva e pode contribuir para reduzir
as dificuldades fiscais em que se encontra o País já no curto prazo. Mas, mais
do que isso, a transferência de ativos à iniciativa privada melhora a dinâmica do
caixa do governo no longo prazo.
“Se os processos forem bem-sucedidos, entram recursos
importantes no caixa do governo num momento em que a situação fiscal ainda é
delicada, com necessidade de ajuste fiscal”, disse Agostini. “As concessões e
privatizações também melhoram a governança dessas empresas e evitam riscos para
o Tesouro, melhorando o fluxo de caixa no longo prazo.”
Segundo ele, investidores internacionais têm grande
interesse em ativos de infraestrutura e logística no Brasil, apetite que deve
ser verificado nos leilões. “O Brasil tem grande fluxo de pessoas, são 220
milhões de habitantes e pouco mais de 100 milhões de pessoas economicamente
ativas. Os investidores sabem disso e entendem que os ativos de infraestrutura
e logística podem ser rentáveis.”
Um bom desempenho do programa ainda traria contribuição
positiva à nota de crédito do País. “O momento é muito delicado por causa do
anúncio de aprofundamento do déficit fiscal, mas, com um êxito dos leilões, as
agências perceberão uma melhora importante da dinâmica do fluxo de caixa ao
longo do tempo. Essa mudança de direção, aliada a um ajuste fiscal, pode ajudar
a reverter essa ameaça sobre o rating”, explicou o economista da Austin.
Seja o primeiro a comentar