O Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que o Brasil
está saindo da recessão e terá uma expansão de 0,3% no PIB este ano. A
expectativa é um pouco melhor do que a anterior, realizada em abril, quando a
instituição estimou em 0,2% o crescimento da economia brasileira. “A
profunda recessão do Brasil parece estar próxima do fim”, informou o FMI
no relatório conhecido como artigo IV por ser este o capítulo do estatuto da
instituição que prevê a realização de um diagnóstico da economia dos países
membros.
Para 2018, a expectativa é a de que o PIB brasileiro chegue
a 1,3%. Esse número é menor do que o previsto em abril, quando o FMI estimou a
recuperação da economia em 1,7%.
O relatório sobre a economia brasileira foi realizado após
visitas da equipe do FMI ao país entre 8 e 19 de maio passado. O Fundo
considerou os efeitos da delação da JBS e a crise política que o país está
atravessando, mas avaliou que as reformas econômicas estão caminhando no
Congresso.
A expectativa da instituição é a de que a reforma da
Previdência seja aprovada em algum momento até 2018. O FMI não estimou um prazo
específico para tanto, mas advertiu que a trajetória dos gastos continua se
elevando. Por outro lado, o ajuste fiscal proposto pelo governo foi visto como
positivo.
“A recessão que foi desencadeada por desequilíbrios
macroeconômicos e perda de confiança, foi exacerbada pela queda no comércio,
condições financeiras mais apertadas e pela crise política”, diz o
relatório. “Com o apoio do Congresso e do mercado, o novo governo perseguiu
uma ambiciosa agenda de reformas”, continuou o documento. A reforma mais
importante, na visão do FMI, é a da Previdência e o maior risco é justamente o
de ela ser diluída ou atrasada para ser concluída após 2019.
“A instabilidade política e os efeitos de contágio das
investigações de corrupção são as maiores fontes de riscos que podem ameaçar a
agenda de reformas e a recuperação”, advertiu o FMI.
A delação da JBS fez com que o Fundo elevasse os fatores de
risco doméstico na avaliação da economia brasileira. A incerteza política
gerada pela delação foi incorporada no relatório pelos técnicos, apesar de a
empresa não ter sido mencionada no documento, que foi divulgado ontem.
Quanto aos riscos externos ao Brasil, o Fundo avaliou que
uma desaceleração chinesa seria prejudicial ao país, assim como o advento de
condições financeiras mais apertadas por parte do Federal Reserve, o banco
central dos Estados Unidos. No entanto, com o aumento gradual dos juros
americanos, dentro de um ritmo esperado pelo mercado, esse risco não está se
mostrando latente, diz o texto.
O pequeno aumento na previsão do PIB brasileiro pelo FMI foi
realizado devido a algumas condições melhores na agricultura e na indústria. O
Fundo não viu ainda uma recuperação efetiva no consumo nem na criação de
empregos, mas acredita que o país está criando condições para tanto. Outro
fator positivo está nos índices de inflação, que estão baixos, o que permite ao
Banco Central reduzir a taxa básica de juros e, com isso, fornece um ambiente
melhor para a realização de investimentos.
O FMI considerou bastante positiva a aprovação da reforma
trabalhista pelo Congresso. Na avaliação de técnicos da instituição, as novas
regras para contratação vão reduzir os custos das empresas, diminuir os
recursos à Justiça e os conflitos entre os trabalhadores e empregadores. Ao
fim, o FMI entende que os negócios vão se tornar menos onerosos no Brasil, o
que deverá impulsionar a criação de empregos.
Na visão dos técnicos, a reforma trabalhista fará com que a
economia possa crescer em bases sustentáveis. Essa avaliação, no entanto, não
foi acrescida no relatório que o Fundo divulgou sobre o Brasil, ontem, pois o
documento foi feito com base em fatos anteriores à aprovação da reforma pelo
Senado nessa semana.
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