Venda de commodities à China deve ter forte queda, mas Brasil perde menos

As exportações globais de commodities para a China deverão sofrer uma contração de 46% neste ano comparado às vendas de 2019, mas o Brasil tem condições de manter níveis satisfatórios de exportações para a segunda maior economia do mundo.

A avaliação é da Agência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), em estudo que mostra que as exportações de commodities para a China poderão cair de US$ 61,3 bilhões em 2019 para perto de US$ 33,1 bilhões neste ano devido à covid-19.

A Unctad vê maior preocupação com economias que dependem muito da exportação de produtos primários, como de energia, minérios e grãos para a China. A constatação é que dois terços dos países em desenvolvimento dependem da venda de matérias-primas.

A China absorve cerca de 20% das commodities vendidas globalmente, e uma queda de 46% pode ter impacto dramático nos países produtores, diz o economista Marco Fugazza, autor do estudo.

A estimativa é de que as importações chinesas de gás podem cair até 10% em 2020, comparado com a projeção anterior de alta de 10%.

As importações de minério de ferro vão aumentar, mas a estimativa de alta passou de 19% para 6%. As compras chinesas de trigo poderão diminuir 25%.

Mas o estudo prevê ainda aumento de compras chinesas no caso de vários produtos agrícolas, ante à expectativa de antes da pandemia. É o caso de soja, com alta prevista de 34%, ou 10 pontos percentuais a mais do que antes.

No caso do Brasil, que tem a China como o maior comprador de seus produtos, a situação não é tão desconfortável como para vários outros países produtores.

Graças a uma cesta de exportações de produtos de base relativamente diversificados o Brasil deverá estar em condições de manter suas exportações para a China em níveis satisfatórios, apesar da covid-19, afirmou Fugazza.

A baixa nas exportações [brasileiras] de petróleo bruto e minerais deverá ser compensada, em parte, pelo aumento nas exportações de produtos agrícolas como soja, acrescentou. É preciso, porém, se assegurar que nenhum choque de oferta venha a ocorrer e não comprometa a produção agrícola. Em tal cenário, a baixa das exportações de petróleo e minério de ferro poderia conduzir a um efeito covid-19 amplamente negativo.

O estudo menciona que uma propagação maior da pandemia na América do Sul, em particular no Brasil, poderia criar escassez na oferta de commodities como soja e isso afetaria negativamente os mercados internacionais.

As projeções da Unctad apontam para menor exportação brasileira de algodão, por exemplo. Mas as vendas de soja podem crescer 49% comparado a 38% estimado antes da pandemia.

Fonte: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/06/03/venda-de-commodities-a-china-deve-ter-forte-queda-mas-brasil-perde-menos.ghtml

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