São 103 anos de história e quase três mil pessoas viajando por dia. O trem Vitória-Minas, único que faz o transporte exclusivo de passageiros diariamente em todo o país, percorre 664 quilômetros de trilhos passando por várias cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, desde Belo Horizonte até a capital capixaba. Às 7h30, o veículo, com capacidade para 1.360 passageiros sentados, parte da estação ferroviária de Belo Horizonte. No percurso, vários descem em cidades como Governador Valadares, Ipatinga e Resplendor enquanto outros embarcam no sentido do litoral. Se fossemos colocar todas essas pessoas em ônibus de 50 lugares, teríamos que utilizar mais de 30 carros , contabiliza um dos chefes do trem, Sérgio Dunga de Oliveira.
A viagem completa tem 13 horas de duração porque o trem não segue diretamente para Vitória, passando primeiro pelo Vale do Aço. Mesmo demorando mais que o ônibus, o trem possui sempre passageiros garantidos: quem quiser viajar por este meio de transporte tem que comprar a passagem com cerca de uma semana de antecedência, se não quiser ficar para trás. As tarifas também são mais baratas que as de ônibus, que custam, em média, R$ 70,00. Quem viaja na classe executiva (com ar condicionado e garçons), paga R$ 55,00. Já quem prefere a classe econômica, desembolsa R$ 36,00.
Um bom transporte – São 19 vagões: quatro executivos, 12 econômicos, um utilizado como refeitório e outro como lanchonete. De acordo com o supervisor do trem, João Linhares, durante o período de férias e carnaval, o trem é utilizado por muitos turistas. Já durante os outros meses, a principal função da locomotiva é carregar trabalhadores e pessoas que precisam resolver alguma questão noutra cidade ou visitar parentes e amigos. A Vale do Rio Doce, responsável pela manutenção do trem, encara o veículo como um projeto social. É mais uma alternativa de transporte para as pessoas. Existem trechos em que ele é o melhor meio de transporte. Um exemplo é o situado entre as cidades de Tumiritinga e Governador Valadares , detalha o supervisor.
A paisagem é outro atrativo à parte. O trecho de 71 quilômetros que vai de Belo Horizonte até Dois Irmãos costuma ser onde o trem tem suas janelas mais disputadas porque, além de ser o início da viagem, quando a curiosidade é maior, principalmente para quem nunca viajou de trem, ainda podem ser vistas belas montanhas e altos viadutos, onde as nuvens ficam tão baixas que a impressão é de estar passando pelo céu. Quem aproveita para apreciar este paisagem durante o trecho não se arrepende. Eu estava doida para viajar de trem. Nunca tinha experimentado e achei muito bom. Não posso me queixar de nada , conta a dona-de-casa Adriane Marisa Abreu, 32 anos. Ela conta que teve que esperar para conseguir passagem, porque no dia que queria embarcar com destino a Ipatinga, o trem estava lotado.
O mesmo aconteceu com a manicure Rosilaine Cecília Augusto Reis, 41 anos, que utilizou pela segunda vez esse meio de transporte na última sexta-feira, mas ela não se importou em esperar e aproveitar o passeio dias depois. Gosto de viajar de trem porque não tem trânsito, o embarque e desembarque nas estações é rápido, e a gente pode comprar um lanche aqui dentro mesmo, sem a necessidade de descer. Além disso, a passagem é mais barata. Ela conta que a passagem de trem até Ipatinga custa R$ 24,00 enquanto a de ônibus é quase R$ 40,00.
A família de Ângela Maria de Oliveira Costa embarcou para Vitória também na sexta-feira. Mesmo com o percurso mais longo, ela e as sobrinhas Juliana de Oliveira e Fabiana de Oliveira Soares estavam dispostas a curtir a viagem e aproveitar a paisagem. Estou achando meio apertadinho, mas é curioso fazer uma viagem assim , alega Fabiana, marinheira de primeira viagem. Ângela, entretanto, conta que andou nesse mesmo trem há mais de 30 anos, no passeio de lua-de-mel. Tenho ótimas lembranças do trem e desse período da minha vida. Se existissem outros trens no país, cobrindo outros trechos, eu viaj
Fonte: Diário da Tarde
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