Pichações na parede externa, teias de aranha, vidros quebrados, pregos saltando das portas, sujeira de pombos espalhada por toda a estrutura. Está em más condições a histórica Estação Ferroviária de Sabaúna, inaugurada em 1933. Há cerca de cinco anos sob a responsabilidade da Associação Nacional de Preservação Ferroviária (ANPF), a parada férrea aguarda a liberação de R$ 650 mil do Ministério do Turismo para, entre outras intervenções, finalmente ser restaurada.
Enviamos o projeto ao Governo Federal no final de 2007 e estamos aguardando uma resposta. Deste dinheiro, cerca de R$ 60 mil seriam suficientes para recuperar a unidade, explica o presidente da entidade, Fábio Barbosa.
A recuperação da estação é uma reivindicação da Sociedade Amigos de Sabaúna, como explica a presidente da entidade, Cleide Soares. Metade do prédio, onde havia um salão para o despacho de mercadorias, não há como restaurar mais porque houve muitas modificações. Mas é necessária uma manutenção. A outra metade, porém, onde ficavam o saguão, a sala de comunicação e o departamento das máquinas, é original e precisa de restauração urgente, comentou Cleide, acrescentando que hoje o espaço é utilizado para cursos do Sindicato Rural e exibição de DVDs para a comunidade.
Cleide recorda que a recuperação do local é solicitada desde o final da década de 80. Na gestão do ex-prefeito Antonio Carlos Machado Teixeira a estação foi passada para a Prefeitura. Nos anos 90, quando foi eleito Waldemar Costa Filho, fomos cobrar investimentos. O Waldemar simplesmente disse que ‘mandaria passar o trator para dar fim ao problema’, relembra.
Foi em 1954, na Estação de Sabaúna, que aconteceu o famoso episódio do assalto ao trem pagador, no qual foi assassinado a tiros um dos funcionários da então Central do Brasil, que enfrentou os assaltantes. A marca de um dos projéteis ainda está na parede e eu guardo em casa uma das balas, conta Cleide.
Com a verba de R$ 650 mil, ainda sem prazo para ser liberada, será finalmente possível também por em prática o projeto do trem turístico, que visa retomar o transporte de passageiros na linha, hoje utilizada apenas para locomoção de cargas.
A princípio, o percurso ficará restrito às estações ferroviárias César de Souza e Sabaúna, mas a intenção é de que o trajeto, no futuro, saia do Mogi Shopping e passe, além de César e Sabaúna, pelas paradas férreas de Luiz Carlos e Guararema.
Quando foi formulado pela primeira vez, sete anos atrás, o projeto Trem Turístico tinha a ambição de chegar até o Vale do Paraíba. O sonho, entretanto, não será mais viável porque em Jacareí foram removidos do Centro os trilhos para a construção de uma avenida.
No passado, a ANPF esbarrou em problemas como a falta de comunicação de rádio na linha ferroviária, que tornava inseguro o transporte de passageiros no trajeto. A questão foi sanada em 2002, quando a MRS Logística, que faz transporte de cargas no mesmo percurso, instalou torres que hoje permitem a comunicação via rádio entre os maquinistas. O objetivo é que a ANPF compartilhe o uso da linha ferroviária com a MRS Logística, que tem a concessão da mesma até 2026.
Da verba requisitada, cerca de R$ 400 mil serão usados para recuperar uma das locomotivas, que está hoje na Capital. Outros R$ 70 mil serviriam para comprar um Aparelho de Mudança de Via (AMV), que desvia os trilhos a fim de permitir que a locomotiva dê lugar às composições da MRS. O valor inclui também os dormentes necessários. Dois vagões com capacidade para levar 70 passageiros cada um já estão à disposição na Capital, onde passam por reforma feita pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). A segunda locomotiva já está em Sabaúna, mas faltam R$ 5 mil para trocar uma das peças do motor.
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