O Globo – Com um lance de R$ 110 milhões, o Consórcio Bilhete Digital apresentou a melhor proposta na licitação da Prefeitura do Rio para implantação e operação de um novo sistema de bilhetagem eletrônica na cidade. Depois de 27 rodadas de lances, com ágio chegou a 2.015,38% do valor inicial. O consórcio é formado por RFC Rastreamento de Frotas Ltda e Auto Tijuca Participações Ltda. A licitação foi suspensa porque empresas que participaram do certame manifestaram interesse de recorrer. Para isso têm até cinco dias úteis. A implantação do serviço, acredita o município, vai permitir um melhor planejamento do transporte por ônibus, possibilitando o controle direto das receitas do sistema.
Também deram lances as empresas Sonda Mobilty e Autopass e o Consórcio Tacom (formado por Tacom Projetos e Tacom Ltda). A comissão de licitação agora analisa os documentos. Como se trata de um pregão, foi realizado um leilão para a escolha do vencedor, de acordo com o melhor preço de outorga.
Os representantes do consórcio não quiseram dar entrevista porque o processo está em fase de recurso. Quando a comissão retomar os trabalhos, a licitação entrará na fase final com a análise da qualificação técnica.
— O resultado é um marco na regulamentação da bilhetagem eletrônica no país. Somos a primeira capital a concluir esse processo — disse a secretária municipal de Transportes, Maina Celidonio.
Com a concessão, termina também o monopólio do controle da bilhetagem pelo Riocard, ligado às empresas que operam o sistema. O edital previa que o Riocard ficaria de fora porque, segundo a tese da prefeitura, o controle da receita não pode ficar com quem opera. Com as mudanças, haverá uma convivência entre os dois sistemas, já que o Riocard continuará a ser aceito em metrô, trens, barcas e linhas intermunicipais que ligam o Rio a outras cidades.
— Nós trabalhamos com dois prazos para a concessão. A partir da assinatura do contrato a empresa terá seis meses para iniciar a operação pelos corredores do BRT. Nas linhas da cidade, o prazo final é de 18 meses — explicou Maina Celidonio.
Nova tentativa
Essa foi a segunda vez que a prefeitura tentou licitar o sistema de bilhetagem eletrônica. Em dezembro do ano passado, representantes de duas empresas chegaram a comparecer à sessão, mas não apresentaram propostas.
Com a licitação declarada deserta, a Secretaria municipal de Transportes mudou o escopo do edital para tornar a concorrência mais vantajosa. O percentual estipulado como taxa de administração passou a ser de até 4% do valor total da tarifa: ou seja, a cada R$ 100 pagos no bilhete único, R$ 4 ficariam para o operador. Na primeira versão, esse percentual era de 3,5%. A taxa de outorga também mudou. No primeiro edital, o valor mínimo era de R$ 10,8 milhões. Agora, a prefeitura aceita receber no mínimo R$ 5,2 milhões do vencedor. Ganha quem oferecer o melhor preço de outorga. O prazo de concessão é de 12 anos.
Com a licitação, a prefeitura revê os critérios que ela própria adotou para o controle do sistema. Em 2010, durante sua primeira gestão, o prefeito Eduardo Paes autorizou a licitação do sistema de ônibus sem restrições sobre quem faria o controle da bilhetagem.
Os concorrentes da vez
A Autopass é a empresa de tecnologia à frente da bilhetagem eletrônica no transporte público da Grande São Paulo. Ela opera o cartão BOM que tem 8 milhões de usuários e é usado em 6 mil ônibus dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo e em mais de 150 estações de trem e do metrô da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
A Sonda Mobility, especializada na gestão remota de frotas, tem entre os sócios-administradores Alexandre Fleck dos Reis, ex-genro do empresário Jacob Barata Filho, cuja família controla o Grupo Guanabara, conglomerado que reúna as principais empresas de ônibus do Rio. Em 2019, a Sonda comprou a M2M, que era gerenciada por Alexandre, que permaneceu na diretoria da empresa. Representantes chegaram a acompanhar a licitação de dezembro.
A Tacom tem sede em Belo Horizonte e faz a gestão da bilhetagem eletrônica em diversas capitais como, Salvador, Belo Horizonte, Teresina, Florianópolis e Vitória. A empresa também assistiu à tentativa da licitação em dezembro do ano passado.
A RFC Rastreamento de Frotas tem sede na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e opera com o nome fantasia CCO Mobility. Também é uma empresa especializada em gestão e rastreamento de frota.
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