O governo federal ainda não conseguiu um segundo consórcio para disputar o leilão do trem-bala. Mesmo com o aumento do prazo do processo de licitação em quatro meses, não há garantia de que um novo grupo concorrerá com o consórcio coreano, único até agora que declarou publicamente disposição de participar do projeto do trem de alta velocidade (TAV), que ligará as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro.
Uma fonte do Palácio do Planalto revelou à reportagem que o principal entrave é a definição do papel das empreiteiras, pois enquanto os coreanos já têm os estudos concluídos para disputar o leilão, os outros grupos empresariais detentores de tecnologia entendem que a construção civil é fator de peso na obra.
“O grupo coreano é independente delas. Os grupos de outras tecnologias precisam (das empreiteiras). Eles entendem que a construção civil é parte muito importante da obra e que elas teriam que se associar como investidores, e não atuar apenas na execução”, afirmou a fonte. As empreiteiras ainda não tomaram uma posição sobre qual será o papel delas no TAV.
Uma fonte de um dos consórcios, porém, garante que as negociações para a formação de um novo competidor não estão sendo nada fáceis. O choque de culturas empresariais, sobretudo entre asiáticos e brasileiros, estão emperrando as negociações.
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A única exceção, segundo essa fonte, são os coreanos, que por estarem engajados nos estudos de traçado e de planejamento de custos há mais tempo, já estão mais familiarizados com os grupos brasileiros. Uma das soluções, segundo essa fonte, seria a alteração de pontos do edital.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), porém, é categórica em reiterar que nada será alterado para atrair novos concorrentes e que o governo não pagará nenhum centavo a mais pelo trem-bala. E que, se a obra ficar mais cara, a taxa interna de retorno (TIR) dos executores vai decrescer.
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