O sistema de sinalização da linha 3-vermelha do metrô de São Paulo deveria ter sido trocado por outro, mais moderno e seguro, no ano passado.
Foi uma falha em um dos circuitos de sinalização nessa linha que levou um trem a bater em outro, anteontem, entre as estações Penha e Carrão, na primeira colisão de trens com passageiros na história do Metrô; pelo menos 49 passageiros se feriram.
O contrato para a troca da sinalização foi firmado em 2008, no valor de R$ 706 milhões. Previa a conclusão dos serviços em toda a rede em julho de 2011. Até hoje, apenas parte da linha 2-verde recebeu o sistema. A linha 4, privatizada, instalou o seu.
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O atraso motivou o Metrô a multar a Alstom, contratada para o serviço, em R$ 10 milhões. Nem Metrô nem Alstom disseram a razão pela qual o processo atrasou.
Com 1,1 milhão de passageiros por dia, a linha 3 é a mais movimentada do Metrô.
Sensores
Há uma diferença entre o sistema usado na linha 3 e o que já deveria estar instalado: no atual, sensores na via controlam automaticamente o deslocamento dos trens. É a mesma concepção de quando a linha abriu, em 1979.
Na nova tecnologia, não há sensores na via; o trem se comunica diretamente com o sistema. Foi um sensor antigo que falhou e fez o trem acelerar em vez de reduzir. A menos de 150 m do trem da frente, ele deveria ter parado, mas avançou -foi o maquinista que usou o freio de emergência para evitar uma tragédia.
O sistema atual é tido como ultrapassado, mas seguro. O Metrô disse não haver relação entre a implantação da nova tecnologia e o acidente.
Mas o novo equipamento, considerado pelo Metrô o mais avançado do mundo, tem mais mecanismos para eliminar possíveis falhas, a ponto de ter sido desenhado para funcionar sem maquinista, como já ocorre na linha 4-amarela, e permitir que os trens circulem mais perto uns dos outros.
“Hoje os metrôs mais modernos do mundo operam com esse sistema (…)”, disse ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Você tem muito mais segurança.”
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