Quase um ano depois de anunciar a intenção de entrar no bloco de controle da ALL, o grupo Cosan está próximo de fechar o tão esperado acordo que o colocará como um dos principais acionistas da companhia ferroviária, apurou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, com fontes familiarizadas com a operação.
O que viabilizou essa aliança foi um rearranjo feito entre os acionistas que compõem o bloco de controle da ALL. Em fevereiro do ano passado, a Cosan fez proposta para a compra de ações dos acionistas Riccardo Arduini, conselheiro da concessionária, de sua esposa Julia Dora Koranyi Arduini, e da GMI (Global Market Investiments), que representa o presidente do conselho de administração da ALL, Wilson De Lara. A oferta foi de R$ 896,5 milhões para a aquisição de 38.980.117 de ações da companhia, das quais 34 milhões de papéis vinculados ao acordo de acionistas.
A operação, para ser concluída, dependia da aprovação de todos os acionistas, que incluem os fundos Previ (Fundo dos Funcionários do Banco do Brasil), Funcef (Fundação dos Economiários Federais), o braço de participação do BNDES (BNDES Par) e BRZ ALL. Como não foram contemplados pela oferta da Cosan, esses fundos estavam dispostos a barrar a operação.
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Fontes ouvidas pelo Valor afirmaram que houve um acerto no formato de venda das ações: os vendedores iniciais (família Arduini e De Lara) concordaram em abrir mão de parte de suas fatias em favor dos fundos, também sócios do negócio. Com isso, atendeu aos interesses de todos, mas os acionistas privados ficarão com participação maior no bloco de controle.
Quando a operação for efetivada, a Cosan ficará com 49,1% do bloco controlador, o correspondente a 5,6% do capital total da ALL, com direito a assento e poder de decisão em estratégias importantes na condução da empresa.
Na sexta-feira passada, executivos da Cosan sentaram-se pela primeira vez com todos os fundos acionistas da ferrovia. A reunião foi realizada na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. Outras duas reuniões estão marcadas para a próxima semana para afinar os detalhes finais da operação e a expectativa é concluir e anunciar o negócio nas próximas semanas.
Segundo outra fonte próxima das negociações, o governo deu total aprovação ao projeto apresentado pela Cosan. Esse acordo envolveu pontos da nova legislação divulgada no ano passado pelo governo federal. “O preço oferecido e o volume de ações não serão alterados. Estamos construindo juntos a governança [novo acordo de acionistas e a gestão]”, disse uma fonte familiarizada com a operação.
Para a Cosan, a entrada no bloco de controle da ALL é considerada estratégica para os planos de crescimento da companhia, que quer desvincular sua imagem como empresa de commodities para se tornar um grupo focado em infraestrutura e energia. No ano passado, a companhia concluiu a compra do controle da Comgás.
A companhia ALL é uma concessionária de ferrovias criada em 1997, durante a privatização da Rede Ferroviária Federal. Conta com operações no Brasil e Argentina, com 21,3 mil km e acesso aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
RF – A Revista Ferroviária apurou que a posição dos membros do grupo de controle mudou após o BNDES ser favorável a operação. O projeto da Rumo Logística, braço logístico da Cosan, em parceria com a ALL, para o transporte de açúcar do interior de São Paulo até o porto de Santos é o primeiro investimento privado em ferrovia a ser executado no modelo semelhante ao que o Governo Federal anunciou no Programa de Investimentos em Logística.
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