Orçado inicialmente em US$ 5,9 bilhões, o custo atual do projeto Rio Colorado chegaria a US$ 11 bilhões, calcula Marcelo Aguiar, do banco Goldman Sachs. O analista diz que, para a mineradora brasileira, perder o que já investiu é melhor do que aportar mais US$ 8 bilhões no ativo. “Prejuízo a Vale já vai ter. O que a companhia quer hoje é mitigar esse prejuízo”, disse.
Uma das hipóteses para atenuar o prejuízo de uma baixa contábil – se a Vale desistir de vez da mina de potássio – é a venda do ativo, que já vem sendo ventilada. Segundo analistas ouvidos pelo Estado, o reconhecimento da baixa contábil, a exemplo de projetos como o da CSA, não precisa ocorrer necessariamente no balanço do primeiro trimestre.
A decisão da empresa de suspender o projeto pode levar a companhia a adequar seu balanço. Analistas estimam que a baixa pode chegar a US$ 3 bilhões. Não há prazo, porém, para que o ajuste seja realizado, uma vez que a Vale não anunciou a desistência definitiva do projeto.
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“A decisão de suspender o projeto Rio Colorado é amplamente positiva em nossa opinião”, dizem Alexander Hacking e Thiago Ojea, do Citibank. Eles acreditam que a Vale poderia, em contrapartida à suspensão de Rio Colorado, acelerar outros projetos no Brasil e no Canadá.
Outro ponto importante para os analistas é o sinal dado pela Vale de que o foco dos investimentos será em iniciativas que proporcionem maior rentabilidade. No final de fevereiro, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, havia afirmado que a companhia manteria uma carteira de projetos menor, mas com potencial para remunerar de forma “extraordinária” o acionista.
Os analistas do HSBC Jonathan Brandt e Miguel Falcão destacam que não existe uma informação oficial sobre o valor patrimonial do projeto Rio Colorado. Para os especialistas do Bank of America (BofA) Merrill Lynch, Felipe Hirai, Thiago Lofiego e Karel Luketic, o ajuste contábil, sem efeito caixa, seria de US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões. Os cálculos estão em relatórios divulgados nesta semana.
O ajuste ainda é considerado eventual, já que o projeto Rio Colorado foi apenas suspenso e não definitivamente retirado. A Vale adquiriu da Rio Tinto os depósitos de potássio do projeto nas províncias de Mendoza e Neuquén, por US$ 850 milhões.
No balanço do ano passado, a companhia informou ter investido US$ 2,2 bilhões no empreendimento. O investimento total do projeto, segundo consta no balanço trimestral divulgado pela Vale no fim do mês passado, somaria US$ 5,9 bilhões. O montante é 44% maior que o previsto inicialmente, de US$ 4,1 bilhões, mas, pelas expectativas do mercado, o valor real já chega ao dobro do previsto.
No mesmo balanço publicado em fevereiro, a Vale informou que o projeto, antes previsto para ser concluído no segundo semestre de 2014, teve seu status alterado para “em análise”, medida que antecedeu a suspensão formal do empreendimento.
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