Os investimentos na economia brasileira devem crescer cerca de 26% entre 2014 e 2017, na comparação com os quatro anos imediatamente anteriores. Os dados fazem parte da pesquisa Perspectivas de Investimento no Brasil 2014-2017, divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As empresas que atuam no país devem investir R$ 3,98 trilhões a partir do ano que vem até 2017. Os investimentos na economia de 2009 a 2012 foram aproximadamente R$ 3,15 trilhões.
De acordo com o economista-chefe do BNDES, Fernando Pimentel Puga, após queda na participação do Produto Interno Bruto (PIB) de 19,1% para 18,1% entre 2011 e 2012, influenciada pela crise financeira mundial, a trajetória de alta da taxa de investimento está sendo retomada.
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“Estamos vendo um desempenho muito bom nesses nove meses do ano – 18,9% [do investimento]. Neste ano, já teremos um crescimento duas a três vezes maior que o do PIB”, comentou, ao defender que o cenário internacional será mais benigno e o crédito privado será retomado nos próximos anos.
Puga ressaltou os investimentos na indústria, que devem superar R$ 1,1 trilhão, com aumento de 24,3% em relação às aplicações dos quatro anos anteriores. O economista adiantou que o setor de petróleo e gás vai liderar os investimentos na indústria, com previsão de R$ 458 bilhões para o quadriênio 2014-2017, contra R$ 311 bilhões no quadriênio anterior.
“Esse setor está sendo o grande investidor da indústria, com perspectiva de crescimento robusto de 8% ao ano. A depender do resultado do leilão do campo de Libra [marcado para esta segunda-feira no Rio de Janeiro], é possível que o investimento seja ainda maior”, comentou Puga, acrescentando que a pesquisa utilizou dados de planos estratégicos da Petrobras e das empresas do setor de petróleo e gás.
Ele também chamou a atenção para o setor automobilístico, com a sinalização de maior dinamismo do consumo de bens duráveis. Os investimentos no setor automotivo (montadoras e peças) são estimados em R$ 74 bilhões.
Ainda na indústria, os setores de extração mineral e siderurgia foram os únicos com previsões de queda para os próximos quatros anos. Em comparação com 2009-2012, os investimentos no setor de minério no período devem cair 31,9% (R$ 47,7 bilhões ante R$ 70 bilhões) e no setor de siderurgia, 68,2% (investimentos de R$ 10,4 bilhões ante R$ 32,6). O estudo sugere que a queda dos investimentos no setor extrativista mineral deve-se ao arrefecimento da demanda, ao excesso de capacidade da indústria de mineração e ao aumento dos custos operacionais em quase todos os países produtores.
Os maiores investimentos estão previstos em agricultura e serviços: R$ 1,5 trilhão em 2014-2017, um aumento de 30,9% na comparação com o quadriênio anterior. Os investimentos em residências devem passar de R$ 867 bilhões (22% de aumento) e em infraestrutura, de R$ 509,7 bilhões (24,8% de aumento).
Este é o oitavo ano da pesquisa, que mapeia 17 setores da economia responsáveis por 58% dos investimentos, e faz projeções para as demais áreas, que respondem por 48% do total da formação bruta de capital fixo.
Logística
Os investimentos em logística no Brasil devem crescer 57% nos próximos quatro anos, na comparação com o quadriênio 2009-2012, indica a pesquisa do BNDES. Dos investimentos previstos em infraestrutura – R$ 509,7 bilhões -, a área de logística deve receber R$ 163,5 bilhões no período.
Os maiores investimentos previstos para o bloco estão em transporte rodoviário, R$ 62,4 bilhões, com crescimento de 15,6%, e nos portos, 124%, nos próximos quatro anos, com previsão de R$ 33,7 bilhões de inversão.
Os investimentos em ferrovias no mesmo período serão R$ 59,3 bilhões, com 108,4% de aumento em relação ao quadriênio imediatamente anterior. Em aeroportos, devem chegar a R$ 8,1 bilhões, um aumento de 19,5% na comparação com os quatro anos anteriores.
Segundo o estudo, os investimentos em telecomunicações devem ser R$ 125 bilhões entre 2014 e 2017, um aumento previsto de 34% na comparação com as aplicações feitas no setor de 2009 a 2012. De acordo com o economista-chefe do BNDES, Fernando Pimentel Puga, esse aumento será impulsionado, sobretudo, por inversões decorrentes dos leilões já realizados e a serem feitos da tecnologia 4G para dispositivos móveis e pela liberação do espectro da TV analógica para banda larga.
“É um setor que passa por constantes mudanças, com a entrada de tecnologias mais avançadas. Para Puga, esse não é um investimento de capital intensivo como se viu na década de 90, com aplicações pesadas na telefonia, mas há uma questão qualitativa muito importante que é a de melhorar as formas de comunicação, com sistemas mais rápidos e maior integração entre eles.
O estudo indica que o papel regulatório da Agência Nacional de Telecomunicações pode acelerar ou frear os investimentos nessa área, assim como o limite de capacidade de financiamento por parte das operadoras pode representar um entrave à expansão desse nível de investimentos.
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