Titulares de bancos oficiais serão definidos em fevereiro

Os presidentes dos três grandes bancos federais foram mantidos pela presidente Dilma Rousseff nos respectivos cargos por tempo indeterminado, até que fique clara a configuração da base de apoio do governo no Congresso e o alcance da lista de citados na Operação Lava-Jato. Essa regra valerá para todos os cargos de segundo escalão que estão em disputa entre os partidos da base aliada.

Ao voltar de férias, anteontem, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, comunicou à sua equipe que o trabalhos seguem curso normal. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, já havia sido confirmado temporariamente no cargo pela presidente Dilma na semana passada. Na Caixa Econômica Federal, o presidente, Jorge Hereda, manteve a sua agenda.

O Valor apurou que o adiamento do anúncio das trocas de comando não significa que a presidente Dilma desistiu de nomear novos nomes. Bendine foi convidado pela presidente para assumir o BNDES. Miriam Belchior é a escolhida para comandar a Caixa. Os dois cotados para assumir o BB são o seu atual vice-presidente de varejo, Alexandre Abreu, e ex-vice de atacado, Paulo Caffarelli.

Dilma não abre mão de fazer escolhas pessoais para o comando dos bancos, que acredita ainda terem um papel a desempenhar em alguns programas, como o Minha Casa Minha Vida. O segundo escalão dos bancos – as vice-presidências – deverá ser preenchido por técnicos de carreira e por apadrinhados pela base do governo.

A configuração política dependerá das negociações para a eleição da presidência da Câmara. O governo tem feito articulações para derrotar o líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ). Outra preocupação é a lista de envolvidos na Lava-Jato, que deve ser divulgada em fevereiro pelo Ministério Público. Dilma quer evitar o constrangimento de anunciar nomes envolvidos no escândalo.

Hoje, há dois vice-presidentes no BB com ligações políticas – o de agronegócio, Osmar Dias (PDT-PR) e de governo, Valmir Campelo (PTB-DF). Na Caixa, há vice-presidentes ligados ao PMDB, indicados pelo próprio Eduardo Cunha, pela família Sarney e pelo PMDB capixaba.

As conversas entre o governo e os aliados para definir o preenchimento dos cargos de segundo escalão prosseguem na próxima semana, quando o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, retorna das miniférias de sete dias. Mas nomeações não saem antes das eleições para as Mesas Diretoras das duas Casas legislativas, no dia 1º, quando o governo aguarda a definição do novo cenário político e da recomposição de forças no Congresso.

Dilma escalou Mercadante e o ministro da Secretaria das Relações Institucionais, Pepe Vargas, para conduzirem as discussões. Mas as nomeações não serão efetivadas até a determinação final da presidente, e não há um calendário definido para isso. Até lá, Vargas está recebendo deputados e senadores, com as demandas de seus partidos.
As conversas com o PMDB foram suspensas desde uma reunião em 2 de janeiro, no Palácio do Jaburu, entre o vice-presidente, Michel Temer, os ministros Mercadante e Pepe Vargas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE).

Naquele encontro, o PMDB detalhou a insatisfação do partido com a reforma ministerial e advertiu que o cenário poderia se agravar às vésperas das eleições para o comando da Câmara e do Senado. Embora a sigla tenha ampliado o espaço na Esplanada, os peemedebistas ficaram descontentes com pastas correspondentes a secretarias, como Pesca e Portos.
As vagas do segundo escalão compreendem as secretarias e órgãos dos ministérios, como o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), nos Transportes, o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), na Integração, o Incra, no Desenvolvimento Agrário, incluindo os respectivos braços de cada um nos Estados. As siglas reclamam que receberam os ministérios sem a chamada porteira fechada, ou seja, com livres nomeações nos cargos.

O PP reivindica, além dos cargos no Ministério da Integração Nacional, a presidência do Banco do Nordeste, como uma espécie de compensação pela perda do Ministério das Cidades, que foi para a cota do PSD. O Valor apurou que uma declaração sobre as vagas no segundo escalão, do líder do PP, deputado Eduardo da Fonte (PE), irritou especialmente a presidente Dilma. Ele afirmou à imprensa que era natural o PP indicar os dirigentes de todos os órgãos ligados à Integração Nacional, para compensar a perda da pasta das Cidades.

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