Divergência sobre mudança de rumo no BNDES faz diretores se demitirem

Divergências com o novo presidente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), Paulo Rabello de Castro, em relação a
mudanças na taxa de juros de longo prazo levaram dois diretores do banco a
pedir demissão nesta sexta (7).

Nomeados pela antecessora de Rabello, Maria Silvia Bastos
Marques, Cláudio Coutinho e Vinícius Carrasco ajudaram a desenhar o plano de
substituição da TJLP por uma taxa mais aderente ao mercado e decidiram sair
após declarações de Rabello de Castro questionando a mudança.

“Gerou desconforto quando a gente viu que de certa
forma o presidente não concorda com o que está posto”, disse à Folha
Coutinho, que ocupava a diretoria de Crédito.

A nova política, definida por medida provisória editada pelo
governo antes da chegada de Rabello, prevê a implantação da Taxa de Longo Prazo
(TLP), que ao final de um período de transição, será corrigida de acordo com os
juros dos títulos do Tesouro NTN-B. O objetivo do governo é reduzir o volume de
crédito subsidiado na economia.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”,
Rabello de Castro disse que a TLP reduz a previsibilidade dos tomadores de
financiamento do banco, que, “em um momento agudo [de alta de juros] podem
não resistir”.

O executivo foi indicado pelo presidente Michel Temer para o
cargo em maio, após Maria Silvia pedir demissão alegando “razões
pessoais”.

Carrasco ocupava a diretoria de Planejamento. Na noite de
quinta-feira (6), defendeu a TLP argumentando que ela “permitirá menores
taxas de juros para todos, aumento de produtividade, melhoras distributivas e
transparência na concessão de subsídios”.

De acordo com a proposta, durante um período de transição de
cinco anos, a TLP seria corrigida pelo IPCA mais o rendimento do NTN-B. Depois
disso, passará a ser idêntica aos juros pagos pelo NTN-B.

A equipe econômica de Temer trabalha para aprovar a mudança,
mas enfrenta resistência de setores do meio empresarial, que temem o aumento do
custo dos empréstimos do BNDES e pressionam o relator da medida provisória no
Congresso, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE).

Com o objetivo de ouvir as partes interessadas, Gomes
agendou audiências públicas sobre o tema, uma delas na sede do BNDES. Ele
espera ter um parecer em 1º de agosto.

O BNDES não se pronunciou sobre o tema. Até a última atualização
desta reportagem, não haviam sido escolhidos os substitutos de Carrasco e
Coutinho.

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