Os trens do metrô da Linha 4 – Amarela, de São Paulo, são
diferentes dos tradicionais. Eles não têm cabine e nem condutor. O sistema
tornou obsoleta a figura do maquinista.
A linha é pioneira no sistema driverless (sem condutor), com
trens que são operados à distância, diretamente de um Centro de Controle
Operacional. É o único sistema atuante na América Latina, que permite definir
número de viagens, tempo de abertura das portas e até inclusão de mais trens na
linha de acordo com a demanda de passageiros.
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Administrada pela concessionária ViaQuatro, que tem como
acionista majoritário o Grupo CCR, a linha é a primeira parceria
público-privada (PPP) assinada no Brasil. O investimento previsto no contrato é
de U$$ 2 bilhões para 30 anos de concessão. Já foram investidos US$ 450 milhões
entre sistemas, equipamentos e aquisição de 29 trens.
“Como a primeira parceria público-privada no Brasil, a
ViaQuatro tem muito a contribuir para o debate sobre a ampliação desse modelo
de negócio no setor de mobilidade urbana em todo o país. Recentemente, quando
completamos 10 anos da assinatura do contrato e cinco anos de operação
comercial plena, atingimos a marca de 1 bilhão de passageiros transportados com
eficiência e segurança”, afirma o presidente da concessionária, Harald Peter
Zwetkoff. Os trens, fabricados na Coreia, transportam 700 mil passageiros por
dia útil.
O Centro de Controle Operacional (CCO) é o “cérebro” da
operação, onde todo o processo é supervisionado por meio de painéis
eletrônicos. Do CCO é possível acompanhar o movimento em toda a extensão da
linha, no interior dos trens, nas estações e no pátio de manutenção e
estacionamento. Os trens da Linha 4 são controlados remotamente pelo CCO, que
recebe dados em tempo real sobre o consumo de energia, funcionamento do sistema
de freios, tração e até o ar condicionado dos carros.
A linha é construída inteiramente com um sistema de
sinalização moderno que se comunica por rádio e telefonia, chamado CBTC
(Communications Based Train Control), capaz de diminuir o intervalo entre as
composições e que permite a aproximação de dois trens a uma distância máxima de
até 12 metros. De acordo com a concessionária, quando a linha estiver
inteiramente pronta, com 11 estações e um trecho de 12,8 quilômetros, o sistema
permitirá que o passageiro tenha à disposição um trem a cada 90 segundos, tempo
abaixo da média praticada de 2 minutos e 26 segundos pelo sistema ATC
(Automatic Train Control), tradicional em algumas linhas do metrô paulista.
O CBTC também diminui os custos com energia e manutenção em
virtude do menor número de equipamentos de sinalização instalados nas vias do
metrô. “A Linha 4 pode ser considerada uma das mais modernas e eficientes do
mundo. Pode ser comparada com as modernas linhas dos metrôs de Paris e Lyon, de
Hong Kong, de Cingapura e de Dubai”, diz o engenheiro especialista em
Transporte Peter Alouche.
O sistema de portas também é referência em tecnologia e
inovação, utilizado nos metrôs de Tóquio (Japão), Barcelona (Espanha),
Cingapura (Cingapura) e Seul (Coreia do Sul). Em todas as estações foram
implantadas divisórias de vidro que separam a plataforma dos trilhos, impedindo
o acesso dos usuários à via e evitando a queda de pertences nos trilhos. Na
América Latina, a Linha 4 foi pioneira na instalação desses equipamentos. De
acordo com Alouche, as portas de plataformas significam segurança, tanto no quesito
operacional quanto para os usuários. “Evitam a entrada de pessoas não
autorizadas e de animais nas vias e nos túneis, aumentam a sensação de
segurança por parte do público e dos operadores de trens e estações, além da
maior eficiência energética em termos ambientais, entre outras vantagens”,
explica.
Por meio dos monitores instalados nas plataformas da Linha
4, o usuário fica informado sobre o nível de lotação do próximo trem, a fim de
tornar o embarque e desembarque mais rápido e seguro. Segundo pesquisa
realizada pelo Instituto Datafolha, 92,1% dos usuários avaliam o serviço da
Linha 4 como muito bom.
Até o momento, a Linha 4 possui sete estações em operação,
ligando o centro à Zona Oeste de São Paulo, em 8,9 quilômetros de extensão.
Quando finalizada a construção de mais quatro estações, a previsão é de que
sejam transportados 1 milhão de passageiros por dia útil.
“Nessa última década, poucos novos projetos de PPP de
transportes se consolidaram, entre eles o Metrô da Bahia e o VLT do Rio de
Janeiro, frente ao nosso imenso déficit de infraestrutura. Ainda há muito a ser
feito e as parcerias entre os setores público e privado devem ser estimuladas
como alternativa para a retomada do crescimento do Brasil”, destaca Zwetkoff.
Reconhecimento
A concessão da ViaQuatro foi escolhida entre os melhores
projetos de PPP da América Latina e do Caribe pelo IFC (Internacional Finance
Corporation), ligado ao Banco Mundial. Ela também está entre os 100 projetos
mais inovadores em infraestrutura do mundo, de acordo com a publicação
Infrastructure 100 World Cities Edition, editada pela consultoria KPMG.
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