De olho na
safra recorde de soja do Brasil, a empresa de logística VLI investiu mais de
160 milhões de reais na compra de 240 vagões e cinco locomotivas, ampliando as
unidades de transporte ferroviário em quase 10 por cento na Ferrovia Norte-Sul,
disse um executivo da companhia à Reuters nesta sexta-feira.
Em
entrevista exclusiva no terminal da VLI em Porto Nacional (TO), o gerente-geral
de Agronegócio da empresa, Igor Figueiredo, afirmou que os vagões do modelo
Hopper – HFT já entraram em operação neste mês, em que a colheita está começando
no Estado, para ampliar a oferta de unidades no escoamento da nova safra de
soja.
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O
investimento está alinhado à estratégia da VLI de impulsionar o transporte pelo
corredor logístico Centro-Norte e deve aumentar a agilidade no escoamento dos
grãos pelos terminais de Porto Nacional, Palmeirante (TO) e Porto Franco (MA),
antes de chegarem para exportação no Porto do Itaqui, em São Luís (MA).
“A
gente sempre tenta projetar o crescimento e acompanhar o crescimento. A safra
vai crescer, e precisamos trazer mais vagões”, afirmou Figueiredo.
Pela
Norte-Sul, a VLI atende o transporte de importantes regiões produtoras de grãos
do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), nordeste do Mato Grosso, sul
do Pará e norte de Goiás, fronteiras agrícolas que a companhia vê potencial de
crescimento.
“A
safra está começando e deu para sentir que, se não tivéssemos feito o
investimento, teríamos ficado para trás”, ressaltou o gerente-geral de
Agronegócio da VLI, que responde pelas operações do setor em toda a logística
sob concessão da empresa, o que inclui os terminais portuários e também a
Ferrovia Centro-Atlântica, na região centro-leste do país.
Com os novos
vagões, que realizam a carga e descarga de forma mais eficiente e também contam
com sistema que reduz o atrito entre as rodas e o trilho, gerando menor consumo
de combustível e menos desgaste, a empresa poderá ter no corredor Centro-Norte
mais três composições –cada uma delas transporta 7.500 toneladas. Ao todo, a
VLI detém quase 2.900 unidades de transporte na região.
Em 2017, a
VLI movimentou volume recorde de grãos pela Norte-Sul de 5,8 milhões de
toneladas (predominantemente soja), ante 4,2 milhões registrados em 2015 –a
empresa não considera 2016 como comparação devido a uma severa quebra de safra
naquele ano.
Para 2018, a
VLI projeta novo crescimento em linha com a safra, que deve ter produtividades
recordes na região do Matopiba, segundo informações de produtores e avaliações
do Rally da Safra, expedição técnica acompanhada pela Reuters nesta semana.
Figueiredo
não quis estimar o volume projetado de transporte para este ano, mas disse ter
muita expectativa com a segunda safra de milho, que deve gerar carga adicional.
“Estamos muito otimistas com o potencial da segunda safra este ano. Ano
passado foi bem”, declarou.
Na malha da
Centro-Atlântica, a outra concessão da empresa, a VLI consegue
“rodar” quase o ano todo contando com a segunda safra, que ainda se
desenvolve mais lentamente em regiões como o Tocantins.
FOMENTO
Paralelamente,
a empresa está fomentando um trabalho junto aos caminhoneiros para que eles
percebam que é mais interessante trazer grãos para os terminais ferroviários da
VLI do que levar o produto aos portos de exportadores.
Segundo o
executivo, se o caminhão tiver um frete competitivo, a trading, que contrata o
transporte da VLI, vai se interessar e contratar o caminhoneiro para levar o
produto para Porto Nacional, por exemplo.
“Focamos
muito nos últimos anos em investimentos em produtividade para a ferrovia, mas
está muito claro que não adianta olhar só o nosso ativo… Estamos tentando
focar… para atrair mais caminhões.”
O
investimento total da empresa, que tem como acionistas a mineradora Vale (37,6
por cento), o fundo canadense Brookfield (26,5 por cento), a japonesa Mitsui
(20 por cento) e o FI-FGTS (15,9 por cento), é estimado em 9 bilhões de reais
em cinco anos até 2019.
A operadora
de logística também tem feito um trabalho junto a produtores para mostrar as
facilidades do transporte ferroviário.
Além das
novas composições, a VLI ainda passará a operar com uma balsa com maior
capacidade de caminhões na travessia do Rio Araguaia, entre o sul do Pará e o
Tocantins, em rota inaugurada no ano passado. Os veículos depois trazem o
produto até o terminal de Porto Nacional.
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