Após dias de
contestação na Justiça, a licitação para obras de expansão do metrô de
Fortaleza ocorreu ontem, mas só um consórcio, formado pela construtora
brasileira Ferreira Guedes e pela espanhola Sacyr, apresentou proposta. O valor
será conhecido após a fase de habilitação. A obra está orçada inicialmente em
R$ 1,7 bilhão, o que a coloca entre as maiores concorrências públicas feitas
neste ano.
As
empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão vinham tentando suspender na
Justiça o leilão, alegando que havia falhas no edital e que o governo estadual
não esclareceu dúvidas dos interessados no projeto. O Tribunal de Justiça do Ceará
negou os pedidos de liminar, liberando o governo para realizar a concorrência.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Com sede em
São Paulo, a Ferreira Guedes é uma construtora de médio porte – em 2017,
faturou R$ 350 milhões. Faz parte do Grupo Agis, que tem ainda uma empresa de
sistemas e pedreira. A empreiteira possui no portfólio obras no metrô de São
Paulo e no de Salvador. Mas o projeto de Fortaleza será o maior desse tipo já
assumido pela empresa.
A espanhola
Sacyr, cujas receitas beiram € 3 bilhões, está em mais de 30 países, mas a presença
no Brasil ainda é tímida. Atua no metrô de São Paulo por meio da subsidiária
Somague. A obra de Fortaleza será sua segunda no País.
Patricia
Bueno, diretora jurídica da Ferreira Guedes, disse que a ausência de rivais na
disputa reflete o atual momento do País. “Não é que não teve competição. Para
esse tipo de obra, houve redução de participantes por conta do atual cenário
econômico e das limitações das empresas envolvidas na Lava Jato”, afirmou.
A Ferreira
Guedes foi envolvida em uma das fases da Lava Jato e chegou a ter um diretor
preso. A empresa diz, porém, que já prestou os esclarecimentos e aguarda o
encerramento do caso. Segundo a empreiteira, sua presença na investigação se
deu por ela já ter sido parte da Construcap – a Ferreira Guedes foi comprada em
2008, mas as duas companhias se separaram em 2012.
Sobre as
críticas de rivais apresentadas à Justiça, Patricia disse que a empresa avaliou
com profundidade os documentos. “Não somos empresa pequena, nem aventureira. E
buscamos um parceiro com expertise e renome internacional”, afirmou. “Nossa
equipe técnica avaliou o edital, tirou dúvidas com o órgão e avaliou com
profundidade tudo para fazer uma proposta”.
Aditivos. Em
mandado de segurança impetrado na Justiça do Ceará, a Camargo Corrêa sustentou
que problemas no projeto básico levarão a aditivos que encarecerão em até 25% o
projeto – ou cerca de R$ 430 milhões. Tanto Camargo quanto Queiroz Galvão
reclamaram na Justiça de não ter tido dúvidas técnicas, necessárias para a
elaboração do orçamento, esclarecidas. O governo negou que isso tenha ocorrido.
Alguns dos
questionamentos feitos por interessados, contudo, foram respondidos pelo
governo do Ceará com a informação de que as especificações seriam fornecidas
apenas à empresa contratada. Para alguns participantes, a postura do governo
prejudicou a análise do projeto.
Procurado, o
governo do Ceará não respondeu às perguntas da reportagem. A Queiroz Galvão e
Camargo Corrêa não quiseram comentar.
Seja o primeiro a comentar