A multinacional Bayer escolheu o
espanhol Marc Reichardt para a futura presidência da companhia no Brasil. O
executivo, de 56 anos, assumirá o posto com a prioridade de consolidar o país
como o segundo mercado no mundo para a gigante alemã de agroquímicos.
Atualmente, o Brasil é o segundo mercado
da divisão agrícola da Bayer, depois dos EUA. E com a aquisição da Monsanto,
recém-aprovada pelas autoridades regulatórias, essa divisão vai dobrar de
tamanho no país.
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“A prioridade será a integração da
Monsanto [à operação alemã] nos próximos dois a três anos, e continuar
crescendo no Brasil”, disse ele ao Valor. “Ainda há muitas
oportunidades de crescimento, sobretudo no agronegócio”.
Membro do conselho executivo da divisão
CropScience da Bayer, Reichardt deixa a direção de operações global da Bayer
para retornar ao Brasil, onde viveu entre 2006 e 2013 como chefe de operações
da companhia. Catalão de Barcelona, ele obteve a nacionalidade brasileira há um
ano e meio.
Antes de iniciar seu trabalho no Brasil,
o executivo foi head da Bayer na Argentina, presidente da Câmara Argentina de
Comércio de Agroquímicos e Fertilizantes e da Federação de Câmaras de
Tecnologia Agropecuária do mesmo país.
A Bayer ainda não divulga a data em que
a substituição ocorrerá. O atual presidente da múlti no Brasil, Theo van der
Loo, vai se aposentar em breve. Haverá um período de transição até Reichardt
desembarcar de vez no Brasil. “Foi uma boa solução para todos”,
afirmou Der Loo ao Valor.
Reichardt mostra-se tranquilo em relação
aos desinvestimentos que a companhia precisará fazer no Brasil, em razão da
fusão com a Monsanto. A venda da área de sementes para a também alemã Basf é
considerada a melhor solução, inclusive porque vai manter todos os funcionários
desse segmento.
No Brasil, Reichardt irá comandar um
grupo com bom posicionamento na área agroquímica mas bastante forte nas áreas
de saúde humana e animal, nutrição e materiais de alta tecnologia. A área de
agroquímicos é a que tem maior peso na receita da empresa no país.
Para este ano, ele estima que o negócio
no Brasil vai crescer 15%. Com isso, vai recuperar os US$ 300 milhões que
perdeu no ano passado nas operações no país. Para 2019, o executivo é mais
prudente. “Precisamos entender o que vai nos aportar a Monsanto”.
Para Der Loo, a expansão dos negócios deverá ser ainda de dois dígitos.
A aquisição da Monsanto, por US$ 66
bilhões, deverá criar a maior empresa do mundo de sementes e pesticidas.
Acordado em 2016, o negócio sofreu intenso escrutínio de autoridades reguladoras
de boa parte dos países onde Bayer e Monsanto atuam. Em março passado, a união
obteve o aval da Comissão Europeia.
Dois meses depois, a Bayer conseguiu a
aprovação final do Departamento de Justiça americano, o DoJ.
Mal obteve o sinal verde final, a Bayer
anunciou o fim do nome Monsanto, enterrando de vez uma marca problemática,
conhecida como “Frankenstein” por sua associação direta aos
transgênicos.
À ocasião, Werner Baumann, CEO global da
Bayer, afirmou que a companhia espera uma contribuição positiva do negócio nos
ganhos por ação já a partir do início de 2019. A partir de 2021, esses ganhos
deverão atingir um duplo dígito percentual. As sinergias entre as duas empresas
deverão gerar ainda uma economia equivalente a US$ 1,2 bilhão por ano à Bayer.
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