O Museu Histórico e Diplomático do
Itamaraty está temporariamente fechado ao público por causa das obras da Linha
3 do VLT (veículo leve sobre trilhos), que ligará a Central do Brasil ao Aeroporto
Santos Dumont, ambos na região central do Rio de Janeiro. O fechamento é
necessário para preservação do acervo, que pode ser danificado pela trepidação
provocada pelo maquinário da construção civil.
A recomendação foi feita pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Estão sendo embaladas
todas as peças do museu, que somam cerca de 5,5 mil itens, entre móveis,
quadros, esculturas, mapas, medalhas, livros e documentos, incluindo todo o
arquivo diplomático do país até a transferência do Ministério das Relações
Exteriores para Brasília, em 1970. O próprio palácio também está recebendo
reforços na estrutura, proteção no piso e vedação das portas e janelas voltadas
para a Avenida Marechal Floriano, onde estão sendo construídos os trilhos do
bondinho moderno.
Segundo o subchefe da Administração do
Escritório de Representação do Itamaraty no Rio de Janeiro, Glauber Vivas, após
a construção das primeiras fases do VLT, constatou-se a necessidade de proteger
melhor o patrimônio, e o Iphan determinou que fossem tomadas medidas adicionais
para os bens tombados. Ele informou que o museu está fechado desde o começo de
julho e, que se tudo correr bem, o trabalho pode terminar no dia 27. “Poderíamos
até reabrir no dia 28, mas apenas para acesso ao prédio, as peças estarão todas
cobertas”.
Vivas destacou que, além disso, será
implantada uma rede de proteção no teto e que, por isso, a circulação ficará
limitada, embora não proibida. Ele acrescentou que será usado na região um
equipamento que provoca menos vibração no entorno do que as britadeiras
tradicionais.
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Depois de concluídas as obras do VLT,
previstas para o início de dezembro, todo o acervo será desempacotado, e o
museu será montado novamente e reaberto ao público ainda naquele mês. Os serviços
administrativos e consulares não foram interrompidos, bem como o arquivo
histórico, que continua aberto aos pesquisadores.
Vivas informou que também está em
andamento um projeto de restauração e revitalização do museu e de todo o
complexo do Itamaraty no Rio, que envolve mais três prédios. De acordo com
Vivas, os projetos executivos devem ficar prontos no primeiro semestre do
próximo ano, para depois serem buscados os recursos para executar o trabalho.
Segundo Vivas, o projeto é anterior e
independente da questão do VLT. “No ano passado, foram feitos vários estudos e
discutiu-se com Brasília para apresentar a ideia de restauração e revitalização
do complexo. A deterioração do bem deve-se à escassez de recursos, e a
revitalização visa, entre outras coisas, a angariar recursos para o museu. Em
abril, foi assinado o convênio com o Instituto Pedras para isso, que está
apresentando um projeto para a Lei Rouanet para o desenvolvimento de projetos
executivos de restauração e gestão dos espaços do museu.”
Patrimônio histórico
Também são tombados na Marechal Floriano
os prédios da Light, o Campus Centro do Colégio Pedro II, a Igreja Matriz de
Santa Rita e o Banco Central, antiga Caixa de Amortização. De acordo com o
Iphan, todos os bens tombados recebem “atenção e acompanhamento por ocasião de
intervenções, neles ou em seu entorno”, embora não exista o risco da obra na
rua prejudicar a estrutura dos prédios.
“Todos os bens tombado que estão no
‘caminho’ do VLT tiveram, quando necessário, os elementos de suas fachadas
protegidos/escorados para que a trepidação proveniente das máquinas não
trouxesse qualquer avaria”, informou o órgão, que também tem “acompanhado o
projeto de implantação do VLT minuciosamente”.
A Igreja de Santa Rita está sendo
escorada, e uma equipe de arqueologia acompanha as escavações, pois no local
pode haver um dos primeiros cemitérios para africanos recém-chegados ao país.
No prédio da Light, vizinho ao do Itamaraty, a fachada recebeu uma tela de
proteção para evitar prejuízos, e a construção é monitorada durante as
escavações e a perfuração do solo. A Light informa que não foram identificados
riscos para o Museu da Ligh, que também fica no local.
O Colégio Pedro II e o Banco Central
foram procurados pela reportagem para saber as providências feitas por causa da
obra em cada instituição, mas ainda não responderam ao pedido da reportagem.
A Companhia de Desenvolvimento Urbano da
Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), órgão da prefeitura responsável pela
parceria público-privada de implantação do VLT, informa que a conclusão das
obras está prevista para dezembro deste ano e que não deu orientação para que o
museu feche as portas. O único impacto da obra sobre o prédio seria a restrição
temporária no acesso ao imóvel, “alinhado com a instituição, conforme
alinhamento padrão com todas as instituições da rua, ouvindo demandas e
atendendo, na medida do possível, especificidades de cada um”.
Segundo o Consórcio do VLT, as obras da
Linha 3 seguem as orientações de Instrução Normativa do Iphan para preservação
do patrimônio. “O trecho da nova linha, que ligará a Central do Brasil ao
Santos Dumont via Marechal Floriano, contará com três novas paradas e tem
previsão de operação no fim do ano”, informou o VLT.
História e acervo diplomático
Conforme pesquisa feita pelo historiador
e diplomata Guilherme Frazão Conduru, como parte do Plano Museológico do Museu
Histórico e Diplomático, o Palacete Itamaraty foi construído entre 1851 e1854,
com projeto atribuído ao arquiteto brasileiro José Maria Jacinto Rebelo, aluno
de Grandjean de Montigny, professor da Academia Imperial de Belas Artes que
veio para o Brasil na missão artística francesa.
O proprietário era Francisco José da
Rocha Filho, o conde de Itamaraty, um rico comerciante português que provavelmente
imigrou para o Brasil, ainda criança, com o pai militar no comboio que
acompanhou a família real.
Rocha Filho morreu em1883 e, em 1890, o
governo provisório de Deodoro da Fonseca comprou o edifício da Marquesa de
Itamaraty e faz do local o palácio presidencial para residência. Em 1897 a sede
do Poder Executivo federal e residência presidencial são transferidas para o
Palácio do Catete, e o Itamaraty recebe, em 1899, o Ministério das Relações
Exteriores.
– Fonte: https://istoe.com.br/rio-fecha-temporariamente-museu-e-predios-historicos-para-obra-do-vlt/
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