O presidente
da Vale, Fabio Schvartsman, fez ontem uma defesa enfática da importância da
relação bilateral do Brasil com a China, e destacou que disputas comerciais não
trazem benefício “para ninguém”. O executivo falou ainda em
“dependência mútua” entre a China e o Brasil e disse que há motivos
para “continuar juntos”. “O que a China precisa é o que o Brasil
tem, o que o Brasil precisa é o que a China tem”, disse Schvartsman,
depois de participar de seminário do jornal “Financial Times”, no
Rio. No evento, ao ser indagado sobre as perspectivas com um eventual governo
de Jair Bolsonaro, Schvartsman afirmou que a empresa continuará a ter um
relacionamento “muito bom” com a China.
O presidente
da Vale fez as afirmações ao ser perguntado por jornalistas sobre efeitos para
a mineradora de atritos que possam surgir na relação Brasil-China em um
eventual governo Bolsonaro. O candidato do PSL à Presidência da República tem
feito críticas à presença dos chineses no setor elétrico brasileiro. Em
entrevista à TV Bandeirantes, na semana passada, Bolsonaro disse: “A China
está comprando o Brasil. Você vai deixar nossa energia na mão do chinês?”
Schvartsman disse ter a expectativa que o presidente eleito receba muitas
informações sobre o estado da relação entre Brasil e China, sobre a importância
dessa relação e sobre a complementariedade existente entre as duas economias. A
China é o maior mercado da Vale, e respondeu, no segundo trimestre, por 38% da
receita operacional da mineradora.
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Uma das
iniciativas da Vale será levar ao novo governo toda a informação e conhecimento
que a empresa tem sobre a relação entre Brasil e China, que é “muito
importante”, disse Schvartsman. Ele acrescentou que a mineradora vai falar
com o presidente eleito do Brasil e sua equipe quando chegar o momento. Por
enquanto, porém, a Vale tem mantido uma postura cautelosa: “Tomamos
cuidado de não conversar com candidatos.”
Mesmo
fazendo essa ressalva, o executivo avaliou o cenário de transição política no
Brasil. “Tenho expectativas positivas com quem quer que seja o presidente
[do Brasil], e não é diferente com Bolsonaro”, disse Schvartsman ao
responder a uma pergunta de jornalista sobre como vê uma possível vitória do
candidato do PSL. Schvartsman falou de Bolsonaro citando pesquisas de intenção
de voto que mostram o candidato do PSL como virtual vencedor da eleição. Nesse
contexto, o presidente da Vale afirmou: “Acho que estava na hora de uma
mudança, o Brasil quis mudar e, consequentemente, a mudança levará a alguma
coisa melhor”, disse Schvartsman, sempre apoiando seus comentários nos
resultados indicados pelas últimas pesquisas.
No
seminário, Schvartsman afirmou que existe uma volatilidade grande hoje na
mineração como resultado das ameaças de guerra comercial. Ele não citou nomes,
mas a principal disputa no mundo hoje se dá entre China e Estados Unidos.
Apesar desse cenário, ele afirmou que a Vale tem posição distinta das demais
mineradoras globais com quem concorre diretamente. O diferencial da Vale está
em oferecer às siderúrgicas minério de ferro de qualidade (alto teor de ferro e
baixos contaminantes).
Schvartsman
afirmou que a Vale opera em 16 portos na China, o que faz da mineradora
brasileira um ator “local” no mercado asiático, permitindo-lhe reagir
rapidamente às demandas dos clientes. No evento, o executivo previu que a
Samarco, sociedade entre a Vale e a BHP Billiton, poderá voltar a operar no
começo de 2020. Afirmou que falta, no entanto, a licença de operação para que a
Samarco possa operar. A perspectiva é que a Samarco volte à operar com um terço
da capacidade original, que era de 30 milhões de toneladas de pelotas de
minério de ferro por ano.
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