A guerra comercial contra a China empreendida pelo
presidente dos EUA, Donald Trump, já beneficia o Brasil. Os chineses, que
responderam pela compra de 22,5% das exportações brasileiras de janeiro a
outubro do ano passado, ampliaram essa participação para 26,8% nos dez
primeiros meses deste ano.
A China comprou mais produtos básicos, principalmente grãos,
carnes e minério de ferro. Quase metade das exportações brasileiras desses
produtos até outubro foram para o país asiático. Os chineses são, de longe, os
maiores compradores de produtos brasileiros. Os Estados Unidos, em segundo
lugar, ficam com 12% do total.
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Com o impulso das commodities, as exportações totais para a
China aumentaram 28,8% neste ano, para US$ 53,2 bilhões, ritmo muito maior que
os 8,5% no total das exportações. A maior dependência vem em momento de certa
tensão mas relações sino-brasileiras, em razão de declarações do presidente
eleito, Jair Bolsonaro, que fez restrições aos investimentos chineses no país.
Barral M. Jorge, ex-secretário de Comércio Exterior, diz
que, na magnitude em que se deu, a expansão das exportações brasileiras à China
é resultado não só do aumento da demanda asiática e da alta de preços das
commodities, como também da retaliação chinesa aos EUA.
Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro e
professor da Fundação Dom Cabral, considera que para um país como o Brasil, tão
dependente desse setor, é um erro grave entrar em conflito com parceiros como a
China. “Tão grave quanto vilipendiar a abertura de novos mercados”,
disse ao Valor.
“Como o Brasil não tem o poder de barganha dos EUA nem
os recursos de Washington para subsidiar agricultores prejudicados pelas rusgas
comerciais provocadas pelo governo de Donald Trump, é um absurdo imaginar
entrar em conflito com os chineses”, afirmou o agroeconomista.
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