O balanço da Votorantim S.A. no terceiro trimestre sofreu
impacto da desvalorização do real frente ao dólar e do resultado menor das
empresas em que o grupo tem participações e são reconhecidas por equivalência
patrimonial – caso de Citrosuco, Banco Votorantim e Fibria. A companhia
reportou lucro líquido de R$ 112 milhões, valor quase 80% inferior aos R$ 519
milhões que registrou um ano atrás.
No caso de Fibria, fabricante de celulose, nem houve
contabilização do resultado no trimestre, em decorrência do acordo de venda
fechado com a Suzano Papel e Celulose, em março deste ano, Dessa forma, houve
um descompasso, pois no mesmo trimestre de 2017 foram contabilizados R$ 219
milhões. Neste ano, só foram reconhecidos até março no balanço da Votorantim.
Caso ainda fossem, o lucro da companhia teria recuado apenas 14%, para R$ 444
milhões.
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Ao mesmo tempo, a Citrosuco reportou resultado negativo de
R$ 142 milhões de julho a setembro, ante equivalência positiva um ano atrás. Já
o banco mostrou desempenho de R$ 161 milhões para a Votorantim, superior ao do
ano passado em 50%. Com relação ao efeito cambial, a companhia registrou uma
perda financeira de R$ 126 milhões, contribuindo para baixar o resultado final
do grupo a R$ 112 milhões.
A receita líquida cresceu 22% no período, alcançando R$ 9
bilhões, em relação ao mesmo período de 2017. Por sua vez, o Ebitda ajustado
(lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,7
bilhão no trimestre, 30% superior ao de um ano atrás.
Receita e Ebitda tiveram impacto positivo da valorização do
dólar frente ao real, em especial na consolidação de suas operações no
exterior. A cotação média da moeda americana no trimestre foi de R$ 3,96, uma
depreciação do real de 25% em relação ao câmbio médio do terceiro trimestre de
2017, de R$ 3,17.
Outro fator positivo foi a melhoria de preços nas operações
de cimento no Brasil, tocados pela Votorantim Cimentos, maiores volumes de
venda de zinco pela controlada Nexa Resources, também no Brasil, e preços mais
altos de alumínio em reais da CBA, segundo o documento da empresa.
“Apesar do ambiente econômico volátil, fomos
bem-sucedidos no leilão de privatização da Cesp [companhia estatal de energia
paulista] por meio da joint venture entre Votorantim Energia e o CPPIB 9 fundo
canadense e aprovado o projeto Aripuanã [de zinco, cobre, chumbo, outro e
prata] da Nexa”, diz João Miranda, presidente-executivo da Votorantim S.A.
Na Cesp, inicialmente serão investidos R$ 1,7 bilhão e no
projeto de zinco, em Mato Grosso, o aporte estimado é de US$ 392 milhões.
“Estamos constantemente avaliando oportunidades de investimento”, diz
Miranda.
No terceiro trimestre, a companhia investiu R$ 592 milhões,
12% menos sobre mesmo trimestre de 2017. Os projetos de expansão representaram
20% do total, sinalizando o fim de um ciclo de investimentos que se iniciou em
2015.
A Votorantim fechou o trimestre com posição de caixa de R$
10 bilhões, montante que diz ser suficiente para cobrir os vencimentos das
dívidas em mais de 5 anos. A dívida bruta consolidada totalizou R$ 25,4 bilhões
no fim de setembro, alta de 3%, e valor líquido ficou em R$ 15,3 bilhões, 24%
maior na mesma base de comparação. A alavancagem financeira recuou, para 2,59
vezes, ante 3,95 vezes.
“Apesar das crises que vivenciamos no Brasil na última
década, que fez com que a Votorantim operasse com uma estrutura de capital além
da desejada pelo nosso acionista, estamos próximos de atingir nosso objetivo de
alavancagem de 2 vezes”, afirma Sergio Malacrida, diretor financeiro da
companhia.
O grupo Votorantim tem negócios em cimento, mineração e
metalurgia de zinco, cobre, chumbo e alumínio, em aços longos na Argentina e
Colômbia e em geração de energia. No Banco Votorantim é dono de 50% e no
negócio de suco de laranja detém 50% da Citrosuco.
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