A consultoria Datagro estima que a moagem de cana alcançará 583 milhões de toneladas no Centro-Sul na safra 2019/20, que começará em abril. Se confirmado, o volume será 2,3% superior ao calculado para o ciclo 2018/19 (570 milhões). A projeção foi divulgada ontem em evento promovido pela consultoria em Ribeirão Preto (SP).
Conforme Plinio Nastari, presidente da Datagro, o rendimento dos canaviais deverá crescer 2%, resultado do melhor desempenho esperado para a colheita que deverá ocorrer no último terço da safra. As chuvas recentes estão favorecendo o desenvolvimento das lavouras em áreas como o Triângulo Mineiro, Ribeirão Preto, Araçatuba e Mato Grosso do Sul. Em Goiás e no Paraná houve menos chuvas que a média.
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Nastari destacou, ainda, que outro fator de melhora desse rendimento é o avanço do plantio de cana por meiosi (técnica que consiste no plantio de cana em linhas-mãe, intercaladas com outras culturas e, posteriormente, “deitadas” nas linhas laterais). A meiosi, que começou a ser adotada há três anos, já representa mais de 50% da área de plantio no Centro-Sul, afirmou. Segundo ele, a meiosi diminui falhas de brotação e reduz a necessidade de investimentos no plantio.
O “mix”, conforme a consultoria, deverá ser ligeiramente mais voltado para o açúcar, porque o valor da commodity em reais parece mais “atraente” para a fixação antecipada, observou Nastari. Dessa forma, com uma participação de 38,8%, a produção de açúcar deverá crescer para 29,7 milhões de toneladas, volume mais de 3 milhões de toneladas superior ao de 2018/19, ciclo que deverá chegar ao fim com 26,5 milhões de toneladas, de acordo com as projeções da Datagro.
A produção total de etanol do Centro-Sul no ciclo que vem deverá ter leve queda, atenuada pelo aumento da produção do etanol a partir do milho. A Datagro estima 30,2 bilhões de litros de etanol na região, dos quais 1,15 bilhão de litros deverão ser produzidos a partir do grão. Na safra atual, a produção total foi estimada em 32,9 bilhões de litros.
E a entrada desse etanol da nova safra no mercado é aguardada com ansiedade. Embora os estoques de hidratado estejam bem maiores nesta entressafra no Centro-Sul do país, a demanda aquecida os têm reduzido e as reservas são suficientes para atender a apenas entre duas e três semanas de consumo, afirmou Nastari.
Segundo ele, os estoques de etanol hidratado em 15 de fevereiro eram suficientes para garantir 50 dias de consumo. Embora fossem 71,8% maiores do que um ano antes, cobriam apenas 13 dias a mais de consumo do que no mesmo período do ano passado.
Para Nastari, entre duas e três semanas também deverá ser o atraso do início da moagem de cana no Centro-Sul na safra 2019/20, em decorrência do atraso do crescimento vegetativo das lavouras e, agora, das chuvas mais volumosas.
“Os estoques estão caindo rapidamente e devem ser suficientes até o começo de abril. Não tem muito estoque sobrando”, afirmou. Segundo Nastari, nesse contexto “não se justificava a queda de preço do etanol observada na entressafra”, afirmou.
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