Dois terrenos da Companhia de Transportes Sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro ( RioTrilhos ), na Avenida Heitor Beltrão, na Tijuca , receberão novas unidades da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ): uma do Regimento de Polícia Montada (RPMont) e outra do Regimento de Controle de Multidões (Recom). Desapropriados no final dos anos 1970 para a construção do metrô na região, os terrenos ficaram ociosos durante todo esse tempo. As obras de limpeza foram feitas em julho.
Há uma explicação para a ociosidade. Os dois terrenos ficam em pontos não edificáveis, pois estão localizados sobre galerias subterrâneas de passagem de trens, o que limita ou impede construções na sua superfície. Por esse motivo, o interesse do mercado imobiliário foi afastado, e o governo, por sua vez, também não se interessou pela construção de áreas de lazer ou equipamentos culturais nos dois locais.
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A cessão dos espaços foi solicitada em junho pelo deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL), em forma de indicação (instrumento legislativo com finalidade de requisitar a ação de um outro órgão, neste caso a cessão das propriedades para a Polícia Militar).
Com os terrenos livres para a construção, a Diretoria de Engenharia e Arquitetura (DEA) da PMERJ vem então trabalhando na elaboração do projeto. A instituição disse que, após terminar essa etapa, dará informações sobre o início das obras, os custos e as fontes de receita para a execução do projeto. A instituição, no entanto, ainda não deu prazos.
Indagada a respeito do repasse de verbas para os novos batalhões e sobre os custos do projeto para os cofres públicos, a Secretaria de Estado de Governo e Relações Institucionais limitou-se a informar que “está fazendo a articulação interna para que seja encontrada a melhor maneira de viabilizar o projeto”.
Segundo Knoploch, um dos terrenos, o que fica no número 205 da Avenida Heitor Beltrão, abrigará a sede do Regimento de Controle de Multidões, que hoje ocupa as dependências do Batalhão de Choque, no Estácio. Para isso, serão feitas reformas em um pequeno prédio já existente no terreno. A nova sede receberá todo o efetivo da unidade, que atualmente conta com cerca de 40 policiais militares.
O RPMont, por sua vez, de acordo com Knoploch manterá a sua atual sede, em Campo Grande, mas terá parte de seu efetivo destacada para o terreno localizado na altura do número 70 da avenida, onde serão construídas a sede administrativa e baias para os cavalos. O objetivo é evitar os longos deslocamentos (tanto dos cavalos quanto dos agentes) para operações na região do Maracanã, por exemplo, onde os serviços do batalhão costumam ser realizados com mais frequência, principalmente em dias de jogos.
– A destinação desses terrenos à PM se deu pelo fato de os dois representarem uma forte sensação de insegurança naquela área, além de abrigarem moradores de rua – justifica o deputado.
Moradora há 20 anos de um prédio na esquina da Avenida Heitor Beltrão com a Rua Visconde de Figueiredo, de frente para o local que abrigará o RPMont, a aposentada Ana Camargo comemorou a mudança.
– É uma notícia ótima. A Heitor Beltrão ficou conhecida por muito tempo como “o corredor da morte”, graças a esses terrenos vazios, que deixam as redondezas ermas e com alta incidência de crimes. Espero que esses novos batalhões tragam mais segurança – enfatiza.
A Avenida Heitor Beltrão tem outros quatro terrenos pertencentes à RioTrilhos: um virou estacionamento particular, dois estão ociosos e o quarto abrigava a antiga Casa de Cultura Lima Barreto, fechada há quase dez anos. Este último, por sinal, chegou a ser invadido por moradores de rua.
O arquiteto e urbanista Gerônimo Leitão, da UFF, aplaude a ideia.
– Acho ótimo termos mais segurança aqui. Mas o que faz um local ser seguro de fato é ele ser movimentado. Falta a esta avenida rodeada de muros atividades de lazer e cultura ao longo do dia. Como os terrenos são do governo, acredito que projetos do gênero não custariam muito caro aos cofres. Um deles seria a revitalização da Casa de Cultura Lima Barreto, por exemplo, cuja estrutura já está toda montada – opina.
Segundo a RioTrilhos, o processo de licitação para a ocupação onerosa de diversas áreas remanescentes das obras do metrô deverá ser concluído ainda este ano.
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